segunda-feira, 23 de julho de 2007

Comemorações em Agosto

Julho está acabando e em Agosto eu tenho dois motivos para comemorar: Em Primeiro de Agosto, pagãos do hemisfério Norte comemoram Lammas e pagãos do Hemisfério Sul comemoram Imbolc. Traduzindo: os Europeus e Americanos comemoram a Véspera do Outono e os Brasileiros comemoram a Véspera da Primavera. O segundo motivo para eu comemorar Agosto é o meu aniversário de 42 anos, dentro dos quais tenho quatro anos de casamento e pelo menos três anos como estudioso dedicado e adepto da Wicca. Eu peço de presente aos Deuses Antigos que haja no Brasil mais paz, amor, felicidade e abundância. Eu peço de presente aos cidadãos brasileiros mais consciência, responsabilidade e cidadania. Eu peço de presente aos políticos brasileiros mais transparência, vergonha e ética. Eu peço de presente aos líderes religiosos brasileiros mais tolerância, respeito e convivência. Eu peço de presente das mulheres brasileiras mais amor, carinho e afeto. Eu peço de presente das minhas amigas mais beijos na boca.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Família, esses estranhos

Antigamente, a família era o maior valor na vida de uma pessoa. As sociedades antigas existiam e eram mantidas graças à força que a família tinha. A família era a garantia de uma boa educação, formação e prosperidade de um indivíduo.
Com o advento da Industrialização e da mudança da cultura focada na família para o indivíduo, a família foi descrita como um empecilho para a o pleno desenvolvimento individual, um estorvo nessa era pós-moderna egocêntrica. Com isso, os valores da família foram vilipendiados, a liberdade e a realização pessoal foram estimuladas.
A conseqüência é que as famílias formadas em nossa época quebraram com os valores tradicionais – vistos como antiquados, obsoletos e arcaicos – e deram espaço para as novas idéias pedagógicas de dar mais liberdade aos filhos, permitindo aos pais trabalharem mais, produzirem mais e gerar riquezas para a elite dominante. A cada geração, essa falta de base, de valores, foi ficando cada vez maior até chegarmos no auge do século XXI com o problema da criminalidade juvenil, dando aos mesmos políticos oportunistas de sempre uma boa base para se promoverem.
Quantos de nós realmente conhecem seu irmão ou irmã, tem um relacionamento fraternal e uma convivência familiar consistente? Quantos de nós conhecem os pais, tios, avós, melhor que os amigos e amigas de rua? Quantos de nós têm uma amizade com primos, primas e sobrinhos melhor que a cultivada pelos colegas de trabalho? Eu posso dizer que nasci em uma família disfuncional, cheio de problemas, mas é minha família, eu não quero que minha família seja uma cópia dessas famílias felizes e resolvidas mostradas nas propagandas.
Ao contrário do que se pensa, a família é um valor que vem dos povos pagãos, não é nenhuma instituição Cristã. No tempo de nossos ancestrais, a família era a resguarda da religião e a responsável pela transmissão da tradição. O templo e o sacerdócio dependiam da estrutura da família para existir e continuar. No Cristianismo, em especial dentro do Catolicismo, a instituição religiosa interferiu e moldou a família conforme suas necessidades políticas, a família foi usada para manter a Igreja Católica e suas ideologias.
Com o atual resgate da Religião Antiga e o reaparecimento dos valores pagãos, talvez a família possa retomar sua importância, seu papel e sua formação. Não será apenas um grupo de desconhecidos que compartilham do espaço de um lar, mas pessoas ligadas por legítimos laços de afeição e consangüinidade.

sábado, 14 de julho de 2007

Para todas as mulheres

Esta mensagem não foi escrita no dia 08 de Março, considerado o Dia da Mulher por um simples motivo: eu não comemoro esta data. Antes que minhas amigas fiquem com raiva, eu esclareço: para mim, a Mulher é especial o ano todo.
Como 2007 está quase em sua metade e tudo indica que não será diferente de 2006 - exceto pelos espasmos - entre 2008 e 2010 eu espero que as mulheres façam alguma diferença neste mundo.
Pois nós, homens, como garotos que somos, podemos estragar ainda mais este mundo e a existência da humanidade. A Mulher demonstrou possuir capacidade e competência de sobra, o que falta são ações práticas para que Ela tome seu devido lugar.
Como bom admirador, eu dou algumas dicas:
Acabar com a imagem da mulher-objeto: não basta protestar contra as revistas masculinas “adultas” e a exposição de corpos femininos em completa e sagradíssima nudez, as mulheres precisam fazer um pacto de nunca mais aceitar oferta alguma para se exibirem feito filé no açougue.
Acabar com a disparidade salarial: não basta entrar em sindicatos, mas juntar forças para pressionar maridos, amantes, amigos e filhos para receber o salário equivalente a função exercida, conforme a categoria.
Acabar com a violência doméstica: não basta procurar delegacia, mas no primeiro desabafo entre amigas juntar várias mulheres para dar uma surra no valentão, que esta é a única linguagem que ele conhece.
Acabar com a submissão religiosa: não basta pleitear pelo direito ao sacerdócio, mas modificar o papel e a posição da mulher como um todo dentro das religiões.
Acabar com o papel social secundário: não basta exigir igualdade de direitos, mas também reconhecimento e respeito para acabar com o preconceito contra a feminilidade.
Acabar com a segregação política: não basta entrar em um partido político, mas defender a causa da mulher antes da ideologia partidária e exigir mais representatividade em todas as esferas do Governo.
Acabar com o privilégio sexual: não basta punir o assédio sexual, mas ter a liberdade de poder flertar com outros homens da mesma forma que nós nos damos tal liberdade. Com jeito, graça e beleza, as mulheres podem dar seu toque especial que irá permitir a humanidade sobreviver e eu estarei esperando para beijar seus pés.

Reverência sim, autoridade não

Quando um estudante começa a estudar a Wicca e a Witchcraft, vários nomes surgem.

Gerald Gardner, Doreen Valiente, Alex & Maxine Sanders, Stuart & Jane Farrah, Frederic Lamond, Philip Heselton, Patricia Crowther, Deborah Lipp, etc.

Então a primeira idéia que vem aos que estudam é que estas pessoas são autoriodades na Wicca e que seus livros são ou contém toda a religião Wicca.

Neste espaço contém muitos destes textos, de alguns autores aqui descritos, mas eu te garanto, caro visitante desta taberna, não há livros sagrados na Wicca nem autoridades.

O que faz um Alto Sacerdote ou Alta Sacerdotisa merecer nossa reverência é o tempo, dedicação e fidelidade às práticas que fazem a Wicca uma religião distinta das demais e diferenciam as Tradições e Linhagens que fazem parte deste Universo.

Enquanto a prática destas pessoas são incontestáveis, o mesmo não se dá com as opiniões e textos que estes/as possam ter manifestado em vida.

Ao contrário de muitas religiões, a Wicca espera e pede que seu buscador e aprendiz tenha massa encefálica, ouse duvidar e perguntar, desde que saiba igualmente ouvir e obedecer. A Wicca extrapolou suas fronteiras britânicas e transbordou sua forma Gardneriana, mas ainda mantém o cerne, princípios pelos quais ela é o que é, diferente das religiões anteriores a ela das quais ela bebeu da fonte e única entre as religiões Neo-pagãs.

Wicca não é ocultismo eclético nem esoterismo genérico, ainda é uma Escola de Mistérios Iniciática Duoteísta, com lugar para o Politeísmo e com ritos de fertilidade. Todos podem praticar, mas nem todos vão ser wiccans.

Para usar uma analogia, qualquer pessoa pode praticar aeromodelismo, mas nem por isso pode pilotar um avião. Por isso, cautela meu jovem. A Wicca não custa dinheiro, mas uma Tradição tem a liberdade de cobrar por seus serviços. A Wicca tem um treinamento pessoal e oral, mas os grupos tem a liberdade de oferecer cursos online. A Wicca pede uma iniciação formal por um Alto Sacerdote (se você for mulher) ou Alta Sacerdotisa (se você for homem), mas receitas de auto-iniciação existem (muito embora dificilmente pode ser comprovado sua eficácia).

A Wicca possui diversas Tradições e algumas vertentes não reconhecidas, mas ao optar por uma, não critique as outras. A Wicca tem rituais que mexem com magia sexual e nudez ritual, mas você não é obrigado a ter relações sexuais com o sacerdote/sacerdotisa em troca de uma "iniciação". A Wicca exige que o candidato seja maior de idade (21), tenha autonomia (financeira e psicológica) e saúde (mental, física e sexual). A Wicca não pode ser misturada com Xamanismo, Shintoismo, Budismo, Cristianismo, Islamismo ou com técnicas esotéricas como Reiki, Tantra, Cabala (ainda que estas sejam usadas dentro das muitas práticas da Wicca). A Wicca pede que o aprendiz esteja disposto a ouvir seu Elder, com reverência, mas não se dobrar à autoridade que ele/ela diz ter. Na Wica, somente devemos nos ajoelhar diante do Deus e da Deusa.

Razão e Raciocínio

A leitura e o trabalho de comentar a obra do Alfredo foi interessante e proveitosa porque mexeu com meu baú de memórias e me fez rever meus conceitos e preconceitos. Agora que eu estou ‘do outro lado’ desse mundo ateu e sou mais um ‘iludido’, eu vejo como exageramos quando criticamos nossos vizinhos.
Não parece nada ‘lógico’, mas é exatamente isto. Cada um em seu quintal falando dos defeitos dos outros e não percebendo esses mesmos defeitos em nossa casa. Em uma esquina, temos as muitas casas dos Cristãos e lá também vociferam que eles sabem e tem a verdade e fora daquele cercado só existe mentira e engano. Em outra esquina, temos as muitas casas dos Ateus que também adoram pechar todos os demais de burros e ignorantes. Nos verdes prados sagrados dos Pagãos, não poderia ser diferente, temos que lutar contra os Cristãos, os Islâmicos, os Judeus e os Ateus. Existem lutas até entre nós, pois o ser humano sempre interpretará um texto da forma que lhe convém e opiniões adversas sempre serão tomadas como ofensas pessoais.
O que é então afinal a razão e o raciocínio? Aqui eu tentarei explicar o lado dos processos mentais e psicológicos que produzem o raciocínio e conduzem a razão que concede ao que se fala ou a quem o diz esse atributo de verdade tão desejado e propalado.
O raciocínio é uma característica natural de nossa espécie que pode ser encontrada alguns sinais em outras, mas a nossa produz uma manifestação maior e mais extensa da presença desse raciocínio.
Este processo mental não opera de forma constante e igual para todos os indivíduos, pode ser extremamente desenvolvido em alguns e totalmente prejudicado em outros. Mesmo um louco internado no hospício raciocina e, dentro de sua loucura, há lógica em seu pensamento. Mesmo um indivíduo considerado como gênio dentro de um campo irá soar como louco para pessoas comuns. O meio termo é um campo extenso e cinza, chamado de senso comum, permeado pela mediocridade, vulgaridade, banalidade e ingenuidade.
Raros indivíduos conseguem pensar além destes pequenos círculos de conhecimento humano, destes conjuntos limitados que compõe a cultura popular, mas isto não concede a estes qualquer privilégio, a informação e o raciocínio estão a disposição de todos. Quando uma pessoa consegue usar plenamente o raciocínio, ele ou ela conquista uma espécie de iluminação, se os ateus me perdoam o termo místico, que lhe permite um vislumbre mais amplo do conjunto dos conhecimentos humanos e consegue ter opiniões mais abrangentes, uma perspectiva mais extensa da realidade, muito embora esteja longe de chegar à Verdade. Mas não nos enganemos, não há uma Verdade, toda verdade depende da existência de outras verdades, comprovações, comparações e fundamentações.
Para produzirmos esse processo mental chamado raciocínio é fundamental procurar várias fontes de informações e recursos para compararmos estas informações. Ao realizar esse processo, é importante evitar certos erros na metodologia:
Generalização: partir de informações básicas sobre algum assunto e os toma como regra para tudo que se refere a tal assunto.
Simplificação: partir de preconceitos próprios para analisar um assunto, sem buscar informações ou dados que embasem o argumento oferecido.
Reducionismo: partir de informações truncadas ou incompletas para juntar ou aglutinar em um mesmo conceito assuntos díspares.
Hiperbolismo: partir de dados subjetivos, infundados ou incomprovados para sustentar um argumento visivelmente tendencioso.
Superficialismo: partir de opiniões ou dados obtidos pelos métodos acima para produzir uma visão desprovida de conhecimento sobre o assunto, mas dando a esta visão o caráter de veracidade.
Em contraparte, devem ser estimulados:
Comparação: buscar diversas fontes de informação para conferir e certificar os dados e as opiniões obtidos. Inversão: tomar um dado ou opinião e verificar se seu inverso é verídico ou se por na posição da pessoa criticada.
Ampliação: esmiuçar dados e opiniões para que nos detalhes possam ser percebidos os erros de raciocínio.
Contextualização: colocar todo dado ou opinião em seu devido campo ou época ou cultura. Contrastação: ouvir opiniões contrárias ou controversas para testar todas as possibilidades e visões sobre o assunto.
Qualquer um munido de recursos consegue desenvolver um raciocínio, mas isto não é suficiente para se ter razão. A razão é algo que se conquista com o raciocínio bem elaborado, através de um argumento consistente e coerente uma pessoa demonstra que tem razão sobre determinado assunto ou questão específica colocada em debate em um diálogo.
Aqui começa a parte mais interessante e dinâmica do ser humano que é o enfrentamento de visões e o choque de opiniões. Neste embate de mentes, não é o importante vencer, mas que prevaleça o bom senso, que é a somatória dos conhecimentos humanos.
Não é quem melhor argumenta quem se sobrepõe em um debate, mas o conhecimento adquirido e melhor utilizado. A razão é como a verdade, não existe solitária, mas solidamente fundamentada pelo conhecimento que outros puderam comprovar e demonstrar ao longo do tempo. Não é a inteligência nem a velocidade de associar idéias que fazem o raciocínio, essas qualidades são o presente dos Deuses para nós, na esperança que façamos bom uso delas. Nós nos orgulhamos em nos considerar mais evoluídos por nossa inteligência, mas a única diferença que temos com os demais seres vivos é que nós somos mais barulhentos.

Anotações variadas

Introdução.
Uma noção bastante precisa sobre a Wica é que ela não é uma religião de livro, mesmo o famigerado Livro das Sombras não é mais que um mero instrumento para ser utilizado dentro do círculo, no contexto da assembléia que o formulou. Isto provoca muitas dúvidas e questões que somente o estudante, ao seguir e aprender a tradição que sua companhia sustenta, poderá resolver. Embora eu não pertença a um Coven, nem tenha sido iniciado dentro de uma tradição, acredito poder contribuir aos que passaram do básico, sobre alguns assuntos delicados que envolvem preferências pessoais, política, etiqueta, família e sociedade.

O que define a Wica.
Como toda religião, a Wica tem seus princípios, sua estrutura básica, um dogma, apesar do significado pejorativo desta palavra. O paradoxo é que a Wica não é definida por uma ortodoxia (uma fé certa), mas uma ortopraxia (uma prática certa). Ortopraxia deve ser entendida como esse conjunto de técnicas e credos que faz parte de uma determinada tradição, que são passados para seus estudantes e mantidos sem alterações. Apesar de algumas diferenças entre as tradições, há alguns princípios em comum, para que ainda sejam consideradas partes da Wica. Isto então significa que não se pode fazer o que bem se quiser, praticar diversas técnicas indiscriminadamente, misturar panteões ou mitos conflitantes, ou perceber as Divindades majoritárias da Wica da mesma forma que é encarada a Divindade majoritária nos credos monoteístas. Como meus colegas da Arte irão conhecer ou perceber este conjunto pode divergir da minha hipótese ou mesmo das outras possíveis hipóteses explicadas por outras pessoas. Independente disto ou de quanto outras pessoas discordem de minhas conclusões, com o devido respeito, eu os lembro que o princípio mais fundamental na Wica é que não há uma autoridade central. Portanto, o sacerdote e sacerdotisa de cada tradição podem falar apenas de seu grupo ou tradição, não tem autoridade para exigir ou criticar outros grupos e tradições, nem tem autoridade para exigir de pessoas que não pertençam ao seu grupo que concordem com suas visões.

Minha teoria.
Wica é uma religião Duoteísta, uma escola de mistérios iniciática originada de um ramo da Witchcraft Britânica que reúne práticas da mesma, mas com uma estrutura sacerdotal. Wica é a religião desenvolvida por Gerald Gardner, com o intuito de resgatar a Antiga Religião, as antigas escolas de mistérios, mas com uma estrutura particular e precisa, que é o que sustenta a tradição Gardneriana. Outros Deuses e Deusas possuem, dentro da tradição Gardneriana, um papel secundário ou acessório, sendo que estas Entidades são adotadas de forma independente, por uma linhagem, por um sacerdote ou por uma sacerdotisa, por motivos que convém a este contexto apenas. Tradições que utilizam ou aceitam trabalhar com múltiplos panteões, muitas vezes conflitantes, fazem por conta e responsabilidade própria e eu espero que o façam dentro de um critério, sem anular o princípio Duoteísta da Wica. Isto descarta então as hipóteses de que a Wica é uma religião xamânica, ou matrifocal, ou henoteísta, ou feminista, ou thelêmica, ou maçônica, ou satanista.

Gêneros, sexo, rituais.
Wica é uma religião extremamente humana e flexível, desde que cada tradição, linhagem, sacerdote e sacerdotisa se contenham em manter sua influência e hierarquia dentro de seus quadros. Nenhum grupo estritamente eclético ou constituído por “auto-iniciados” pode exigir de grupos tradicionais que sejam aceitos e reconhecidos como parte da Wica. Isto inclui grupos exclusivamente compostos por membros de um sexo (homossexuais) e grupos que privilegiam apenas o culto à Deusa (diânicos radicais).
Outro princípio da Wica tradicional Gardneriana é que seus rituais são heterossexuais, para isto é necessária a presença de um sacerdote e uma sacerdotisa que irão incorporar o Deus e a Deusa, de onde vem o sentido de dizer que a Wica é uma religião Duoteísta.
Grupos que privilegiam o culto somente à Deusa, a alijam de seu Consorte e a transformam em um Jeová de saias. Grupos que realizam rituais homossexuais estão realizando uma forma de magia sexual, mas certamente não estão realizando os ritos da Wica.
Quando a Wica floresceu nos EUA, havia um cenário de revolução, muitos grupos apareceram e alguns quiseram usar a Wica para dar uma sustentação sagrada a seus assuntos políticos e pessoais. Grupos que defendiam os direitos das mulheres, negros e homossexuais tinham um problema com o Cristianismo e a visão preconceituosa das igrejas cristãs nestes assuntos, tendo por base a Bíblia. Então, destes grupos que procuraram este suporte religioso aos seus assuntos políticos, surgiram as formas do Dianismo radical, fundado basicamente por um grupo feminista e lésbico que tinha androfobia, por isso que a doutrina destes enfocam uma estrutura mais matrifocal e um culto exclusivo à Deusa. Com essa exceção e a contribuição dada por escritores popularizadores da neo-wicca e da pop-wicca, apareceram igualmente grupos de Paganismo Moderno para gays que celebram rituais homossexuais. Ainda não apareceu um grupo que pleiteia uma Wica exclusiva para negros, mas existem grupos que misturam panteões nativos das Américas e da África em uma religião com um Deus e uma Deusa bem específicos.
Entretanto, isto não quer dizer que a Wica é homofóbica, não defenda os direitos das mulheres, negros e homossexuais. O que ela não pode ser é uma desculpa para propósitos políticos ou preconceito invertido. A Wica é a única religião tolerante quanto a outras formas de opção sexual, política e religião, desde que estas preferências não interfiram com sua estrutura, a ortopraxia que a define. Independente destas opções pessoais, quando um indivíduo encontra um Coven tradicional, ele ou ela deve concordar com a ortopraxia desta tradição e manter esta sem alterações, pois a prática tornará a ele ou a ela habilitados a celebrar os Antigos Mistérios, independente de suas opções pessoais fora do círculo.

O propósito da religião.
Houve uma época em que havia apenas uma instituição religiosa dominante e isto acarretou em inúmeros conflitos, guerras e disputas. Hoje em dia, nosso mundo está multiplicando em número de conflitos, guerras e disputas por que há uma disputa de poder entre três religiões majoritárias monoteístas que são o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo. Isto ocorre porque faz parte da doutrina dos credos monoteístas que as demais religiões são produtos malignos de uma Entidade adversária do Deus de seu credo. Não é novidade nenhuma, na história da humanidade um grupo dominante sempre tentará suprimir ou demonizar os Deuses de seu passado, bem como as religiões antigas. Assim, não é difícil encontrar por várias mídias, ataques de grupos radicais fundamentalistas contra o Paganismo, a Witchcraft e a Wica. Isso criou um ressentimento contra as estruturas religiosas, contra a autoridade sacerdotal, contra a sistematização do credo. Em busca de uma liberdade de cunho mais político que religioso, algumas pessoas sempre usarão do clichê de acusar aos tradicionalistas de serem elitistas, radicais, fundamentalistas, ortodoxos e intolerantes, quando tudo que estas pessoas fazem é defender a ortopraxia que define a Wica. Por esse estresse de liberdade de cunho mais político que religioso é que existem grupos estritamente ecléticos e auto-iniciados, que tomam todo tipo de liberdade e adotam técnicas tão contrastantes, que dificilmente se pode definir o que fazem de Wica. Não se pode fazer uma leitura das práticas e história da Wica da forma que nos agradam, nós que devemos nos adaptar a uma religião, não ela às nossas preferências pessoais, por isso que se fala que a Wica requer uma observação da ortopraxia.

Toda religião tem um propósito, alguma meta, para nos transformar de criaturas comuns em seres humanos. Isso inclui um senso de ética, de etiqueta, de responsabilidade com a comunidade e com o ambiente em que vivemos. A Wica tem como propósito religar o ser humano ao seu potencial interno inato, isso requer uma reconsideração radical quanto a visão do nosso mundo, nosso corpo, nossa sexualidade e nossa consciência. Esse propósito só pode ser conquistado através de uma determinada prática, ritual e credo, que são parte da ortopraxia. Quando Gerald Gardner desenvolveu a Wica, ele teve um ponto de onde partir, que foi seu Coven de New Forest e teve um destino, que foi a estruturação da Wica como um sistema flexível, enquanto se mantivesse a ortopraxia e os Mistérios Antigos intactos. Quando Gerald Gardner recebeu seu grau de magister, dentro dessa forma de Bruxaria Hereditária, ele percebeu que a Arte estava fragmentada, então para tentar resgatá-la enquanto prática eficiente e como sistema sacerdotal ele reuniu diversas fontes, donde muitos grupos sem tradição ou estritamente ecléticos tiram a noção de que suas práticas sejam válidas. O problema com esse excesso de liberdade e permissividade está sendo sentida por estes mesmos grupos que reclamam da excessiva comercialização e popularização da Wica, tal como é visto em revistas, livros, programas de rádio e televisão. Então, gostem estes grupos ou não, há uma estrutura básica de onde se pode dizer o que é Wica e o que não é. Foi com este sentido que Gerald Gardner reuniu diversas fontes, para delas extrair pistas ou práticas que poderiam ter origem na escola de mistérios clássica, mais as raízes dos cultos originários europeus que são a base das múltiplas formas de Witchcraft ou Folklore da Europa. Dentro deste critério, Gerald Gardner estruturou a Wica, a partir dele se formou a tradição Gardneriana, a partir de Alex Sanders se formou a tradição Alexandrina e a partir delas, as muitas linhagens.

O futuro da Wica.
Gerald Gardner não desenvolveu a Wica para ser uma religião de massas, embora tenha deliberadamente a tornado pública, o que acarretou que a Wica deixou de ser uma religião exclusiva para ser uma religião inclusiva, excedeu as fronteiras e as definições compreensíveis para a época e continua crescendo como desafio ao Status Quo, bem como aos seus praticantes mais tradicionais. Talvez a Wica se torne uma religião mundial, como o Judaísmo, o Cristianismo, o Islamismo, o Budismo, o Xintoísmo e o Hinduísmo. Talvez vejamos entre suas divisões um conflito tão belicoso quanto o que ocorre entre as divisões do Cristianismo. Discussões bastante apaixonadas já ocorrem com freqüência entre as suas muitas divisões, bem como é comum cada qual destas divisões falar ora na doutrina, ora na independência. Como uma religião viva, uma vez que sua base mais fundamental é esta ligação com os Deuses Antigos, a Natureza e os Ancestrais, a Wica está em pleno desenvolvimento e produzindo frutos, mostrando a presença mais do que vívida do Casal Divino entre seus adoradores. A conclusão mais esperançosa é que haja convivência e tolerância entre suas múltiplas faces, com a mesma tolerância e convivência que procuramos ter hoje com outras religiões. Temos que aprender e não repetir os exemplos ruins que aconteceram nas histórias das outras religiões, para exigir respeito é necessário dar respeito. O mundo já sofreu demais com a perseguição e a guerra religiosa. Não damos exemplo algum, nem mostrando o quanto somos melhores, se continuarmos discutindo tão ferozmente quem é melhor, quem é mais certo, quem é mais verdadeiro. A Wica, tal como foi desenvolvida, começou com Gerald Gardner, mas não deve se restringir ao que foi desenvolvido por esta pessoa e sim deixar que o Casal Divino escolha como quer que seu culto se manifeste. Que os Deuses decidam qual tradição permanece e qual tradição irá sumir.

Nota póstuma: eu discordo da postura do Políticamente Correto e do Laisser Faire em voga no Neopaganismo Brasileiro. Infelizmente acabei aprendendo e descobrindo a duras penas que não é porque alguém está trabalhando pela Wicca que isto o torna necessáriamente confiável. Infelizmente, os discursos e ações destas pessoas que estão divulgando a Wicca para o público visa apenas a estabelecer uma ditadura hegemônica.

Mitos Modernos II

Fatos que neo-pagãos modernos, urbanos e românticos demais deveriam saber.

A causa animal
Eu analisei a fundo os motivos reais que movem essa defesa do direito dos animais e detonei o proselitismo Vegan. Mas lembrando em um breve relato, isso é uma tendência moderna ocidental vinda dos princípios religiosos do Hinduísmo, que inclui karma, metemsopsicose e metemsoplasmose. Os Hindus "respeitam" os animais porque crêem que ali pode estar encarnado um ancestral ou um deva, portanto, matar e comer uma vaca é assassinato e canibalismo. Segundo esse pensamento religioso, matar e comer um animal traria para o nosso corpo o karma que esse possível ancestral encarnado carrega consigo. Esse pensamento religioso se somou ao problema do meio ambiente e a visão reducionista de todas as espécies aos animais domésticos. Neo-pagãos não estão alinhados a uma religião especifica, mas tem a ideologia da conservação do meio ambiente como um todo, incluindo políticas de produção agrícola e pecuniária. Torna-se loucura e insensatez querer retornar à modos de produção medievais e locais. Respeito à vida começa com a nossa própria, lidando com as desigualdades sociais e questões de saúde.

A demonização do ser humano
De repente, por contextualizar a realidade da Natureza e desconstruir a ilusão do direito dos animais me tornou em um monstro que concorda com a matança indiscriminada. Sem dúvida, nossa espécie é a única que possui consciência e dá um motivo ao ato de matar, muitas vezes por prazer. Eu sou neo-pagão, mas sou realista, não existe essa Natureza harmônica nem animais santos. Não espere respeito de um predador carnívoro, não espere misericórdia do vírus do ebola. Muitos neo-pagão embarcam nessa viagem New Age e acreditam que ser pagão é respeitar toda forma de vida e viver em harmonia com a Natureza. Muitos acredita piamente que, se implementarem mundialmente os "valores" do Paganismo, que a humanidade irá retornar a uma Era Dourada onde humanos e animais viviam cordialmente em harmonia. Isso acontece com a falta de informação histórica e antropológica, em conjunto com uma propaganda alienante provindo de líderes auto-proclamados. Nós somos uma espécie bem sucedida graças ao domínio da Natureza e só podemos continuar existindo com o uso responsável desta, o que é bem diferente de glamourizar a causa do direito dos animais.

A "harmonia" da Natureza
Nós somos uma espécie interessante. Somos os únicos que, conscientes de nossa existência, projetamos na Natureza valores e características humanas. Neo-pagãos que crêem mesmo na "harmonia" da Natureza não deve ter visto noticiário ultimamente. Vulcões, terremotos, tsunamis, ciclones, nevascas, tempestades. Nem todas são conseqüência do vilão do momento, o Aquecimento Global, ou da ação predatória do ser humano. Mesmo entre os animais, esta convivência harmoniosa e respeitosa é uma bobagem que qualquer naturista sabe. Eu lembrei o exemplo do vírus do ebola, tem o caso da dengue hemorrágica e a Maré Vermelha, que é uma colônia de algas que cresce a um ponto de tornar impossível a vida de outras espécies. Recomendo aos neo-pagãos que compraram essa ideologia da "harmonia" da Natureza que vejam com mais freqüência o National Geografic, para ver como os bichos também lutam entre si e matam por prazer. Apenas os neo-pagãos românticos e alienados vêem harmonia, convivência e respeito onde não há, exemplos eu tenho de sobra, mas o espaço é limitado.

A vida de nossos ancestrais
Este é certamente o ponto mais frágil e delicado para se escrever a respeito aos neo-pagãos abobados, repletos da ideologia New Age. Infelizmente há uma enorme capa romântica cobrindo a história de nossos ancestrais, há um completo desconhecimento antropológico e uma enorme alienação a respeito da vida e dos valores de nossos ancestrais. Nossos ancestrais conseguiram sobreviver em comunidades tribais em um ambiente inóspito. Eles não conseguiram isto tendo respeito a toda forma de vida ou convivendo de forma harmônica com a Natureza. Querer impingir ideais modernos a eles é uma ofensa à memória e ao esforço deles. Hoje nós arrotamos essa bobagem provinciana e civilizada porque eles tiveram culhões, nenhum neo-pagão urbano moderno sobreviveria dois dias se estivesse nas mesmas condições. Nossos ancestrais guerreavam, matavam, pilhavam, estupravam, escravizavam, caçavam, desflorestavam e cometiam atos que, nos dias de hoje, chocaria os neo-pagãos abobados. Para citar um fato estranho, muitos neo-pagãos tem orgulho em falar do culto à fertilidade, mas pode se esperar uma reação moralista cristã quando se fala em prostituição sagrada, sacrifícios humanos e nudez ritual.

Conclusão
Os propósitos do Paganismo e do Neo-paganismo passa bem longe dos propósitos da New Age. Assim como nossos ancestrais, os neo-pagãos procuram ter um melhor relacionamento com o meio ambiente, pela simples equação de que, sendo nós parte deste meio ambiente, nossa existência depende da manutenção do mesmo, sem deixar de lado a realidade de nossa época e as condições da sociedade atual. Repito, isso envolve políticas efetivas de produção agrícola e pecuniária, envolve melhor distribuição destes insumos e justiça social. Basta de ficar chorando a respeito de fatos passados em que o abuso de poder de uma instituição (religiosa ou política) ceifaram tantas vidas inocentes. Vidas inocentes estão sendo ceifadas hoje, pela fome, pela guerra, pelo terrorismo, por doenças e catástrofes naturais. As conseqüências da falta de políticas sociais e de uma autoridade estão bem visíveis na guerra civil urbana. Por isso que defendo como parte do Neo-paganismo essa ação social, a justiça social é igualmente importante para nossa sobrevivência como espécie, uma vez que a existência de uma sociedade, tribo ou clã faz parte de nossa natureza. Entretanto, e não defendo a teoria marxista ou a bandeira socialista, mas sim um ideal acima de teorias e fórmulas, eu defendo a autogestão e a autonomia que venha da própria comunidade.

Natal

A história do Natal começa, na verdade, pelo menos 7 mil anos antes do nascimento de Jesus.

É tão antiga quanto a civilização e tem um motivo bem prático: celebrar o solstício de inverno, a noite mais longa do ano no hemisfério norte, que acontece no final de Dezembro.

Dessa madrugada em diante, o sol fica cada vez mais tempo no céu, até o auge do verão. É o ponto de virada das trevas para luz: o "renascimento" do Sol.

Num tempo em que o homem deixava de ser um caçador errante e começava a dominar a agricultura, a volta dos dias mais longos significava a certeza de colheitas no ano seguinte.

E então era só festa. Na Mesopotâmia, a celebração durava 12 dias. Já os gregos aproveitavam o solstício para cultuar Dionísio, o deus do vinho e da vida mansa, enquanto os egípcios relembravam a passagem do deus Osíris para o mundo dos mortos. Na China, as homenagens eram (e ainda são) para o símbolo do yin-yang, que representa a harmonia da natureza. Até povos antigos da Grã-Bretanha, mais primitivos que seus contemporâneos do Oriente, comemoravam: o forrobodó era em volta de Stonehenge, monumento que começou a ser erguido em 3100 a.C. para marcar a trajetória do Sol ao longo do ano.

No ano 245 d.C., o teólogo Orígenes repudiava a ideia de se festejar o nascimento de Jesus "como se fosse um Faraó". De acordo com almanaque romano, a festa já era celebrada em Roma no ano 336 d.C.. Na parte Oriental do Império Romano, comemorava-se em 7 de Janeiro o seu nascimento quando do seu batismo, em virtude de não ter aceito o Calendário Gregoriano. No Século IV, as igrejas Ocidentais passaram a adotar o dia 25 de Dezembro, e o dia 6 de Janeiro para Epifania (que significa "manifestação"). Nesse dia comemora-se a visita dos Magos. A celebração do Natal de Jesus foi instituída oficialmente pelo bispo romano Libério, no ano 354 d.c..

Na realidade, a data de 25 de Dezembro não é a data real do nascimento de Jesus. A Igreja entendeu que devia cristianizar as festividades pagãs que os vários povos celebravam por altura do Solstício de Inverno. Foi por isso que, segundo certos eruditos, o dia 25 de Dezembro foi adotado para que a data coincidisse com a festividade romana dedicada ao "nascimento do deus Sol invencível", que comemorava o Solstício do Inverno. No mundo romano, a Saturnália, festividade em honra ao deus Saturno, era comemorada em 17 a 22 de Dezembro, era um período de alegria e troca de presentes. O dia 25 de Dezembro era tido também como o do nascimento do misterioso deus persa Mitra, o Sol da Virtude. Assim, em vez de proibir as festividades pagãs, forneceu-lhes simbolismos cristãos e uma nova linguagem cristã.

As alusões dos padres da igreja ao simbolismo de Cristo como "o Sol de justiça" e a "luz do mundo" expressam o sincretismo religioso. As evidências confirmam que num esforço de converter pagãos, os líderes religiosos adotaram a festa que era celebrada pelos romanos, "nascimento do deus Sol invencível" (Natalis Invistis Solis) e tentaram fazê-la parecer “cristã”.

Para certas correntes místicas como o Gnosticismo, a data é perfeitamente adequada para simbolizar o Natal, por considerarem que o Sol é a morada do Cristo Cósmico. Segundo esse princípio, em tese o Natal do hemisfério sul deveria ser celebrado em Junho.

O personagem Papai Noel foi inspirado em São Nicolau Taumaturgo, Arcebispo de Mira, no século IV. Nicolau costumava ajudar, anonimamente, quem estivesse em dificuldades financeiras. Colocava o saco com moedas de ouro a ser ofertado na chaminé das casas. Foi declarado santo depois que muitos milagres lhe foram atribuídos. Sua transformação em símbolo natalino aconteceu na Alemanha e daí correu o mundo até chegar ao Brasil. As renas são um acréscimo posterior ao personagem, com as estórias natalinas que vieram ao Novo Continente com os colonos ingleses que fugiam da perseguição e falta de liberdade religiosa no Velho Continente.

Em algum ponto do sincretismo religioso ocorrido na Europa misturou-se a figura de São Nicolau com a figura do Rei Azevinho, que vinha na época de Yule (22 de Dezembro), acompanhado de um grupo de corços sagrados, trazendo o Inverno com a promessa do retorno do Verão em sua guirlanda de visco.

A árvore de natal também tem suas origens no paganismo. Segundo uma fábula babilônica, um pinheiro renasceu de um antigo tronco morto. O novo pinheiro simbolizava que Ninrode tinha vindo a viver novamente em Tamuz. Entre os druidas o carvalho era sagrado. Entre os egípcios era a palmeira, e em Roma era o abeto, que era decorado com cerejas negras durante a Saturnália. O deus escandinavo Odim era crido como um que dava presentes especiais na época de natal àqueles que se aproximassem de seu abeto sagrado. Entre as várias versões sobre a procedência da árvore de Natal, a maioria delas indicando a Alemanha como país de origem, a mais aceita atribui a novidade ao padre Martinho Lutero, autor da Reforma Protestante do século XVI. Ele montou um pinheiro enfeitado com velas em sua casa. Queria, assim, mostrar as crianças como deveria ser o céu na noite do nascimento de Cristo.

Na Roma Antiga, os Romanos penduravam máscaras de Baco em pinheiros para comemorar uma festa chamada de "Saturnália", que coincidia com o nosso Natal. A Guirlanda, dentre os costumes pagãos, havia o de presentear as pessoas com ramos verdes, nas festas do Ano Novo, em Janeiro. Cria-se que carregando os ramos para dentro de casa, estariam trazendo as bênçãos da natureza, pois, "para os pagãos, a natureza é portadora de espíritos e divindades". 

Os arranjos com folhagens nasceram com a superstição de que heras, pinheiro, azevinho e outras plantas ofereciam proteção, no inverno, contra bruxas e demônios. Seus ramos eram usados para afugentar a má-sorte. Representa a mandala, um diagrama em círculo lembrando que a nossa vida é um ciclo de nascimento e morte. Simbolizando a vida eterna e a paz, a guirlanda está presente na decoração natalina atual. Diz antiga lenda que se as pessoas passarem sob ela atrairão sorte para si.

O azevinho é a árvore mais usada para a confecção de árvores de natal. Também, é tida como a madeira mais poderosa na feitiçaria. Era exigida pelos bruxos e feiticeiros para fazerem suas varinhas mágicas. Veja a citação: “Na antiga feitiçaria, a madeira mais poderosa para um feiticeiro ou bruxo fazer sua varinha de condão era do arbusto de azevinho. Assim, os mágicos mais poderosos sempre usaram uma varinha mágica de azevinheiro. O azevinho, ou azevinheiro é uma árvore pequena; a madeira dessa árvore é utilizada na fabricação de bengalas, cabos de ferramentas, figas e amuletos”.

O visco é uma erva considerada sagrada pelos druidas. Sua coloração vermelha mesmo em tempo de inverno rigoroso recorda o vigor e a vitalidade do Rei Azevinho, um personagem da Roda do Ano que é uma manifestação do Deus Chifrudo. Entre os celtas, era costume fazer guirlandas de visco aos chefes, reis e vitoriosos em batalha, como faziam os gregos e romanos com o louro. Detalhe curioso é que boa parte deste texto foi obtido em páginas escritas por fundamentalistas cristãos que esquecem que sua denominação (o Protestantismo) fez e estava presente durante a história da invenção do Natal e que aqui no Brasil esta festa veio para cá graças ao sucesso da mesma entre os colonos protestantes que se estabeleceram nos EUA.

Caminhos, Espiritualidade, Validade

Este texto procede de um buscador e não tem por pretensão criticar uma pessoa específica, mas compartilhar o resultado das minhas reflexões sobre algumas mensagens recentes.
Desde o tempo em que me conheço por gente eu percebo que estamos todos indo em direção a alguma coisa, todos nós estamos em uma longa jornada. Algumas vezes eu fui pressionado a fazer algumas opções ou intimado a colocar um propósito maior em minha vida. Constantemente, eu sou acossado com esse discurso sobre um ou todos os caminhos espirituais.
De um lado, a Turma do Aleluia, que insistem em dizer que somente há um só caminho espiritual válido. De outro, pagãos, que insistem em dizer que todos os caminhos espirituais são válidos.
Quando eu optei por um caminho, isso foi feito com um critério, sem ter a pretensão ou a petulância de que isto possa ser um caminho espiritual ou de dar um propósito maior em minha vida. Acontece que este caminho possui alguns elementos que podem ser definidos como sendo valores espirituais, ainda que não sejam dominantes, mas que certamente são válidos para mim. Eu não espero o reconhecimento ou a aceitação de quem quer que seja. Entretanto, quando eu iniciei meu interesse em aprender a Wicca Tradicional, eu tenho que assumir que esta opção convém apenas a mim e que é recomendável ser deixada de lado para aproveitar ao máximo o que aqueles que realmente pertencem a essa religião tem para ensinar.
O bom senso e a educação são mais importantes do que minhas convicções religiosas ou do que qualquer caminho espiritual que eu tenha consensualmente comigo mesmo considerado válido. O que leva alguém a procurar uma forma de espiritualidade talvez seja o ponto central do assunto.
Eu sei o que leva a alguém se afastar de toda forma de espiritualidade, misticismo e religião, pois eu tive minha passagem pelo Ateísmo. Eu posso indicar minhas suspeitas que fazem uma pessoa repentinamente procurar por uma forma de espiritualidade.
Um dos motivos certamente é a moda, principalmente pela pressão do meio social em que esta pessoa vive. Para estes não faltam vigaristas, lojas e bugigangas, para os mais diversos fins. Estes certamente querem e gostam que seu caminho espiritual seja reconhecido e aceito como válido por outros, farão uma verdadeira apologia do grupo ou instituição que pertencem e transformarão as análises críticas contra esses mercenários como uma ofensa pessoal ou como uma infração ao legítimo direito universal de opção religiosa dado a todos.
Nesse trajeto, fica esmigalhado por este caminho comercializado todos os valores sensíveis que fazem a Wicca o que ela realmente é.
Outro motivo é a propaganda, pela qual uma pessoa é convencida de que as reivindicações daquele grupo, instituição ou caminho espiritual são válidos, quando estes não pressionam seus membros a considerar aquele caminho como sendo o único válido, o que ocasiona tantos conflitos e discussões.
Neste caso também é igualmente importante o reconhecimento e aceitação, quando não de impingir a conversão.
Para estes é fundamental considerar seus textos mais verdadeiros que a dita verdade que ali contém, bem como de santificar seus fundadores, profetas e iluminados.
Aqui é preciso fazer uma pausa para explicar aos pagãos que há uma diferença entre afirmar ser a Religião Verdadeira e afirmar ser a Tradição Wicca.
A primeira sequer considera possível a existência de outras religiões, a segunda cuida de seus assuntos e espera que os outros não se metam em seus negócios.
Quando alguém faz uso excessivo da liberdade e da liberalidade conquistada nos últimos séculos, por meio de desculpas esfarrapadas e dos clichês dessa propaganda, querendo tornar seu caminho espiritual confiável, acaba fragmentando em aspectos menores a religião que diz seguir, acaba fazendo o papel do fundamentalista ao exigir respeito dos outros, respeito que não existe em suas ações para com os outros.
Para fazer parte da Wicca Tradicional é preciso preencher requisitos básicos e estes não tem qualquer ligação com modismos ou comércio. Caso suas convicções, opiniões ou padrões sejam mais importantes, então não tente entrar na Wicca Tradicional.
Existem muitos caminhos, indubitavelmente, escolha o que mais te convém ou simplesmente inicie o seu próprio, caso você considere todos os caminhos válidos. Entretanto, não espere de pessoas com caminhos espirituais sinceros que estes concordem ou corroborem com seu adorno de ego.
Continue se convencendo de que todos os caminhos são válidos, continue se iludindo que está em um caminho espiritual, continue reclamando contra a “intolerância”, “discriminação” e “preconceito” dos Tradicionalistas, continue mantendo a bandeira da “liberdade de credo” a todo custo que não demorará para que você entre no time de muitos grupos ecléticos e auto-iniciados pela “moralização” da Wicca, como eu tenho visto ultimamente.
Aparentemente, predadores peçonhentos não gostam de sentir o gosto de seu próprio veneno.

Mitos Modernos

Os mitos antigos são uma forma de conhecer nossa psique, quem consegue decifrar seus simbolismos pode entender não só o passado ignorado da humanidade, mas também compreender o universo. Os mitos modernos, entretanto, são a forma para conhecer como anda nossa saúde psicológica, que não está boa. Eu decifrarei alguns mitos modernos na esperança de que não repitamos erros que a humanidade cometeu em seu excesso de idealismo.

Todo político é corrupto
Ninguém sabe ao certo quem pariu esse clichê. Se foi a Elite, para fazer o cidadão não se importar com a política e votar sempre nos mesmos, uma vez que nada vai mudar; ou se foi obra de setores da Imprensa (ou de grupos Anarquistas), seja pela agenda da Ética ou da Revolução Social. Entretanto nossos políticos são como nós, produtos de um contexto cultural e social. Melancólico, eu diria, mas eles são um espelho de nossa sociedade. Qualquer um que não tire vantagem ou aproveite a oportunidade é taxado como trouxa. Triste, mas a única lei que funciona no Brasil é a Lei de Gerson.

O futuro do Brasil está na Criança/Adolescente
O pai deste clichê certamente é a Imprensa e esta idealização utópica do Jovem como força de renovação é um eco da década de 60 e dos movimentos socialistas. Entretanto muitos dos “adultos” que estão aí no poder, fazendo as mesmas coisas (se não piores) que seus antecessores são os mesmos que engrossavam os movimentos estudantis e os coros com palavras de ordem. Triste, mas ou a idade ou o poder corrompe os ideais sociais até do mais ferrenho Jovem militante.

O Brasil vai crescer se houver mais investimento na Produção/Educação
Há uma dupla paternidade neste clichê, um é de setores políticos vinculados aos empresários e outro é de setores midiáticos vinculados às “causas humanitárias”. Um setor quer investimento na Produção não para aumentar a assimilação de mão de obra, mas para aumentar os lucros e diminuir a carga tributária. O outro setor não deve conhecer os mecanismos econômicos que existem entre Produção/Trabalho/Riqueza. Certamente a Educação por si só não garante a colocação no mercado de trabalho, nem tampouco reflete diretamente na qualidade da produção (pouca ou nenhuma empresa estará interessada em aplicar inovações vindas dos funcionários, sobretudo em empresas tradicionais ou familiares, onde postos chave são ocupados por pessoas nem sempre capacitadas). Triste, mas isto dependeria de uma ação política e de uma organização social para modificar profundamente a estrutura econômica brasileira.

O Brasil está precisando ter mais Ética
Difícil definir sequer se há uma paternidade, ou se foi uma fertilização artificial, ou clonagem. A Ética não é um fim em si mesma, nem pode ser reduzida a determinados valores morais. A Ética é o estudo dos valores morais efetivamente em ação em uma sociedade, no que a nossa contém exemplos tanto de altruísmo quanto de egoísmo. Como um pêndulo, a Ética tende a mostrar o consenso entre dois padrões extremos. Triste, mas acabou virando mais uma bandeira, uma fachada ou palavra de ordem vazia de sentido, para fins eleitoreiros.

O Brasil está precisando ter uma Revolução Social
A paternidade é um paradoxo: provém da Revolução Burguesa na França, mas sem a qual nenhuma idéia socialista posterior seria possível. A teoria, na prática, demonstrou que, logo a seguir a revolução, aparece algum grupo de liderança, que estruturará uma Ordem e um Governo, para restaurar a ordem segundo “a vontade popular”. Inevitavelmente, qualquer oposição ou voz discordante a este grupo será taxado e perseguido como “traidor da Revolução Popular”. Triste, mas é possível ver o mesmo tipo de fundamentalismo messiânico em muitos partidos e grupos ligados ao defunto pensamento marxista.

Precisamos nos unir para ajudar os mais carentes
Não é um mito moderno, uma vez que o Cristianismo e a Igreja Católica cresceu muito com esse apelo. Mas considerando que a população carente cresceu muito a partir da Revolução Industrial e o implemento do Sistema Capitalista, a Elite tem montado instituições de caridade para este fim. O público alvo das campanhas é a Classe Média, ávida consumidora de uma espiritualidade mercenária produzida e vendida pela Elite. Não se engane com esse clichê, nem com a fachada de responsabilidade social que fazem parte do disfarce dessas instituições. Nenhuma estaria funcionando se não produzisse um lucro ideológico à Elite. Junto com a caridade estimulada vem o consumo de mais espiritualidade mercenária, consola as consciências mais culpadas e conforma as consciências mais criticas. Triste, mas é um suborno, mitiga a fome de alguns enquanto se mantém a mesma estrutura social injusta que os mantém miseráveis.

No Brasil vigora um Capitalismo Selvagem
Definitivamente parido pelas alas de esquerda da política brasileira, com se houvesse um Capitalismo Civilizado, sem falar no enorme preconceito contra indivíduos não urbanizados (detesto ser politicamente correto). Um sistema econômico é dinâmico e deve possuir em si as estruturas necessárias para se adaptar ao momento histórico em que se vive, do contrário o sistema entra em colapso e ninguém sai ganhando. Não é o sistema, qualquer que seja o rótulo, que se torna ruim, mas aqueles (que se convenciona chamar de Elite, que aparece tanto no Sistema Capitalista quanto no Comunista, diga-se de passagem) que, conhecendo os mecanismos, tiram vantagem privada e ilícita às custa da maioria, tornando as conseqüências deste sistema algo socialmente injusto. Triste, mas tornar o sistema mais democrático sem a devida adequação estrutural pode acabar agravando a situação.

O Brasil está sob a ditadura da Burguesia
Definitivamente a paternidade vem da teoria marxista que, como toda teoria visionária, não sobreviveu à morte de seu idealizador e foi deformada em sua aplicação prática. Por mais exata que tenha sido a análise do Sistema Capitalista, esta teoria foi formulada dentro de um contexto histórico-social que está em contínua mudança. Eu cansei de evidenciar a presença de uma ideologia messiânica e espiritual dentro do esforço de esboçar a Teoria do Materialismo Dialético. A Burguesia não é uma entidade maligna, nem é um grupo que possui uma protoconsciência coletiva. Tanto quanto o Proletariado, é agente passivo e ativo do processo histórico em que faz parte, interagindo com e junto ao meio social e a realidade política em que está inserido. O que se forma, em qualquer sistema, é uma Elite que possui meios e conhecimento dos mecanismos deste sistema, para lhe fornecer riqueza e poder. Quem quer que entre ou assuma esse posto, irá imediatamente manter o sistema para preservar seus privilégios. Inevitavelmente, o projeto de todo individuo que estiver excluído dessa Elite estará em conquistar uma parte (ou toda) dessa riqueza e poder. Triste, mas é a isso que a utopia da Luta de Classes se resume: um grupo que faz uso da teoria marxista, de palavras de ordem e da mobilização popular para assumir o lugar da Elite.

A religião oficial do Brasil

Na definição legal e constitucional, o Estado brasileiro não reconhece uma religião como oficial. Em termos técnicos, é um Estado laico e a norma local franqueia a todo cidadão o direito a ter uma opção e prática religiosa, muito embora não haja uma legislação especifica para regularizar tal direito onde conste as sanções cabíveis às infrações cometidas por parte de indivíduos ou grupos.
Entretanto, na prática, como nossa sociedade foi formada e gerada dentro de uma cultura religiosa marcantemente católica, a presença desta religião por meio de símbolos, princípios, valores, objetivos e condutas é facilmente perceptível, como demonstrarei com esses indícios:

  1. Presença de cruzes e bíblia nas secretarias públicas;
  2. Disponibilidade ao cidadão de serviços, locais e celebrantes para cerimonias católicas para o batismo, casamento e réquiem;
  3. Nas posses de nossos representantes eleitos há a devida presença de um sacerdote católico procedendo com uma cerimonia de consagração e benção aos mesmos;
  4. Ainda se observam, dentro do calendário oficial, os dias considerados santos ou de guarda de acordo com o calendário católico;
  5. Nas festas populares para as comemorações desses dias santos ou de guarda, há a presença dos governantes;
  6. Aos cristãos, de qualquer tendência ou denominação, existe uma extensa literatura e editoras especializadas, caso ele queira ler, estudar e aprender mais sobre sua religião;
  7. O comércio de outros itens religiosos tem presença maior de artigos ligados ao Cristianismo; Os governantes locais reconhecem o Vaticano não somente como Estado político, mas também como autoridade religiosa;
  8. Ainda não há uma delegacia, secretaria ou jurisprudência especializada em combater a intolerância religiosa que freqüentemente pare de grupos radicais fundamentalistas cristãos; O projeto de lei que incluía o ensino religioso nas escolas privilegiava o ensino da doutrina católica, ou pelo menos a cristã, sem que haja qualquer menção ou espaço para outros credos.
Com esses exemplos, somados à imagem publica que se faz de outros credos, é possível dizer sim que a religião oficial do Brasil é o Cristianismo, mais particularmente o Catolicismo.

A quem servimos

Uma questão foi levantada quando eu troquei algumas linhas de argumentos com um usuário do Youtube® que se identifica como sendo ateu.
A colocação dele é bem simples: em que o Paganismo serve a sociedade?
Eu comentei de volta: porque o Paganismo deve servir à sociedade?
No que ele retrucou: então você concorda que o Paganismo não serve para a sociedade.
No que eu dei a tréplica: não, você que previamente disse isso; eu perguntei por que o Paganismo deve servir à sociedade; trocar de assunto não irá disfarçar sua insegurança e dúvida em suas “crenças”.
Certamente haverá tréplica da parte dele, eu antecipei o argumento que ele apresentaria como bom estrategista e filósofo, mas independentemente do que seja, eu encerrarei com uma linha de raciocínio fatal. Eu escreverei que irei desenhar para tornar fácil a compreensão, basta seguir as seguintes linhas:

a) explique o que você considera “serviço social”
b) explique por que o Paganismo deve seguir este padrão
c) explique como o Ateísmo preenche estes padrões
d) por que você reage de forma tão passional e irracional quando algo não segue seus padrões.

Eu espero que meus velhos amigos ateus não leiam este texto, eu considero injusto fazer generalizações aos ateus, da mesma forma que é injusto fazer aos pagãos (e mesmo aos cristãos!). Se não fosse pelo trabalho duro e abnegado dos pensadores ateus, a vida dos pagãos ou seguidores de outras religiões seria impossível hoje em dia. Graças ao trabalho incansável de mostrar fatos contra as fábulas, absurdos, contradições e violências contidas na bíblia, foi possível diminuir consideravelmente a influência sinistra da verdadeira lavagem cerebral que ocorre na maior parte das fileiras do Cristianismo.
Mas uma vez que em princípio o Ateísmo não acredita em nada que contenha algum pensamento espiritualizado, por que tanta determinação em tentar salvar a humanidade da morte e da extinção se isso vai acontecer inevitavelmente e não há vida pós-morte? Falam tanto em Razão, mas isso colocaria a mesma como um princípio transcendental similar aos Deuses. Falam tanto em evidências, mas isso colocaria as mesmas no mesmo conceito que as verdades reveladas por profetas. Falam tanto em fatos, mas estes provam apenas a existência de si mesmos, a interpretação do significado deles é puramente subjetiva. Falam tanto em fanatismo cristão, mas certos ativistas ateus são tão raivosos em proclamar como portadores da verdade tanto quanto alguns apologéticos cristãos. Falam tanto nas realizações feitas por ateus, mas nenhum as fez em nome do Ateísmo e a Ciência não é exatamente uma Virgem Pura. Falam do quanto são inteligentes, mas ser ateu não é garantia para alguém ser inteligente, acontece que muita gente inteligente opta pelo Ateísmo, como também pelo Paganismo (incluindo Cristianismo!).
Assim como acontece no Paganismo (e no Cristianismo), muita gente alega ser ateu da boca para fora e infelizmente devo dizer que muitos se dizem ateus (e pagãos) por causa de algum trauma que os fez ficar revoltado exatamente contra esse conceito cristão de Deus que tentam tanto negar, agarrando-se aos fatos e às evidências. Um verdadeiro ateu, como um verdadeiro pagão, sabe que não precisa ficar se provando, gosta e aprecia o debate, defende e apóia a diversidade, luta e protesta em favor dos direitos contra o fundamentalismo. Meus velhos amigos ateus podem dormir sossegados, assim como eles eu tenho uma consciência social e política bem esclarecida a ponto de saber contestar certos valores sociais questionáveis, como deixei claro no texto “desajustados sociais”. A meu ver, não há serviço social mais digno do que ficar ao lado do cidadão e não da massa.

Onde habita o sagrado

Eu admiro a cultura japonesa e, como pagão, gosto do pensamento do xintoísmo. Ali contém um conceito muito forte e poderoso, para expô-lo eu teria que colocar a questão: o que é sagrado?
Geralmente, sagrado é algo separado, especial, algum lugar, alguma coisa que recebe a reverência das pessoas. O mesmo sentimento que faz alguém considerar a bíblia, um livro, feito de papel e tinta, algo sagrado, é o mesmo sentimento que faz uma estátua, uma casa, uma medalha, uma pessoa sagrada. Considera-se sagrado porque ali habita o espírito divino.
Todas as pessoas que estão em nossa volta têm esse potencial e muitas o manifestam, através dos talentos que possuem ou de alguma forma de espiritualidade. Todos os animais e todos os minerais que aproveitamos, possuem a mesma potencialidade, devem ser usados com responsabilidade e reverência.
O que não significa que devemos nos restringir de usá-los, nosso metabolismo e estrutura depende da transformação das matérias naturais em produtos que atendam nossas necessidades. Ao contrário do que imaginam os hindus e os vegetarianos, não estamos correndo o risco de comer um ancestral nosso, apesar de crermos no princípio da reencarnação.
Nesse sentido, temos o próprio universo como sagrado, afinal, este cosmo é uma manifestação da existência dos Deuses. A existência em si é um mistério, a potencialidade de vida é um mistério, a ciência consegue explicar como foi possível que aqui a vida aparecesse, mas não consegue explicar porquê.
Simplesmente não encontramos vida em outros planetas, nos esquecendo que até a pouco tempo as bactérias e os vírus não eram considerados existentes ou seres vivos. Uma vez que a crença da ciência é de que a matemática é a linguagem universal, porque em nosso planeta a vida se manifestou de tal forma a ponto de poder ser percebida por nós, herdeiros desta gens, mas não conseguimos perceber o mesmo potencial dentro do espaço conhecido, considerando que esse cosmo existe há muito mais tempo que nosso planeta?
A ciência, bem como seus advogados, os ateus, consideram a razão acima da crença, o que não deixa de ser um princípio espiritual, pois a existência de uma consciência universal é igualmente um princípio esotérico. Sendo a consciência, a razão, um princípio original, pré-existente, a forma pela qual a consciência pode se manifestar é extensa como o próprio cosmo. Este é, em seu cerne, o sentido de muitos mitos antigos, os Deuses são a Existência, a Consciência, a Razão, a Vida.
Em um momento todos eram misturados, indefinidos, como uma gigantesca Nebulosa, até que, por evolução, conscientização e individualização, se expandiram naquilo que a ciência definiu como o Big Bang. Assim, cada Consciência, em sua individualidade, pôde construir seu ser, enquanto gerava outras consciências, uma vez que eram seres vivos, embora com uma constituição extremamente diferente do que conhecemos.
Algumas dessas consciências formaram os corpos estelares e algumas consciências formaram a este mundo, bem como as espécies. Cada consciência possui um grau de evolução e potencial, assim a consciência potencial de uma pedra não é a mesma de uma planta e um animal tem uma consciência potencial menor que a humana.
Portanto, para cada ser humano encarnado, há potencialmente uma miríade de consciências potenciais querendo entrar nesse corpo, tendo por conseqüência pessoas com mais tendências animais que humanas.
Muitos não dizem que a pessoa é fria como pedra? Então, nem sempre são os que se foram que reencarnam, seria muito chato se reencarnasse o mesmo Mozart e seria terrível se reencarnasse o mesmo Hitler. Quando este mundo não puder mais portar formas de vida, tal como nós conhecemos, por culpa exclusiva nossa, não pela ira de Deus, certamente nossas consciências irão buscar algum lugar para habitar, como os Deuses escolhem habitar algum lugar, alguma coisa, alguma pessoa.

Do que você necessita, realmente?

A pergunta parece sem sentido pois instintivamente nosso corpo sabe do que necessita para sobreviver. Subconscientemente nós estamos aptos a satisfazer nossas vontades primárias, o problema todo começa quando lidamos com a parte consciente do ser humano.
Nós nascemos em um meio social e adquirimos diversos valores que nos dizem como devemos nos vestir, como devemos nos portar, o que devemos comer, qual a melhor profissão a seguir, qual o melhor carro a comprar, por quais propósitos devemos lutar, o que devemos realizar para sermos considerados bem sucedidos. Acabamos perdendo nossa perspectiva, nosso eixo e felicidade, perseguimos coisas e riquezas, isso geralmente conduz a sofrimentos, frustrações e decepções. Criamos um conceito artificial de felicidade extremamente materialista, individualista e egoísta e a solução não está em criar outro conceito artificial de felicidade, idealizando um Nirvana ascético.
Não nascemos por acaso, ganhamos uma vida e um corpo para realizar algo com o que temos, o que seria de todos os mestres iluminados sem um corpo carnal? O corpo é a ferramenta, como tal segue a inclinação de seu instrumentador, querer fazer da ferramenta a origem de nossos males é uma covardia comodista.
Mas então, muitos devem chegar na metade da vida e se ver em meio a um emprego que detesta, cheio de coisas que quase não usa ou são completamente inúteis e pior, está em um relacionamento que começou desgastado por falta de qualquer atração ou afeto.
Nos vemos rindo de piadas estúpidas, julgando as pessoas por sua aparência, escolaridade ou opções feitas. Nos olhamos no espelho e parecemos uma árvore de natal, carregados de adornos, objetos, coisas, símbolos de status que de repente não fazem mais nenhum sentido a não ser de transformar você em um alvo do crime.
Para muitos, este é o momento da crise de meia-idade, nos deparamos diante de um dilema existencial de dimensões épicas e estamos muito acostumados com esse jeito de ser para tentar mudar, não somos mais jovens que tem a vida inteira para experimentar e corrigir os erros cometidos nessa experiência.
Acabamos nos enganando: para resolver o marasmo profissional, abrimos um negócio próprio ou tentamos encontrar um novo emprego e percebemos o quanto obsoletos nos tornamos; para aliviar a rotina doméstica, procuramos relacionamentos aventureiros e multiplicamos as despesas e as responsabilidades; para diversificar nosso círculo social, entramos em comunidades virtuais para aumentar nosso número de amigos e nos vemos cercados de mais gente que nos sorri, dá tapinha nas costas, mas são totalmente superficiais; para diminuir o sofrimento com essa vida, procuramos conforto em organizações religiosas e acabamos com uma promessa de felicidade futura que cobra hoje uma fidelidade militar.
Pois então tentamos corrigir apenas partes de nossas vidas que parecem desgastadas, quando estas são apenas as conseqüências mais visíveis das escolhas ruins que fizemos durante a vida. Tentamos acertar, desesperadamente, como se tivesse uma resposta certa, mas não há.
As experiências ruins servem para nosso amadurecimento, fazem parte daquilo que somos, olhar para trás e ter arrependimentos ou remorsos é aumentar a sombra, a cisão de nossa natureza e essência. Também não devemos ter medo de errar ou tentar modificar profundamente nossos valores, o tempo que temos de vida serve exatamente para isso e é daquilo que fazemos efetivamente nessa encarnação que teremos como conseqüência no pós-vida, para o bem ou para o mal, sempre esteve em nossas mãos, os Deuses não nos julgam nem nos condenam.
Dar o passo seguinte, tentar melhorar, dar prioridades aos nossos sonhos, estabelecer quais as necessidades que queremos manter a longo prazo, aprender a se gostar para ser gostado por outros e gostar de outros, conservar a riqueza da família e das boas amizades, ter bens e riquezas dentro do razoável, modificar hábitos de alimentação e estilo de vida, ingressar em uma religião para melhorar nosso relacionamento com os Deuses, simplesmente viver cada dia sem idealizar recompensas futuras. Isto é o que eu conheço como sendo os princípios do Paganismo.

XIII

Entre os muitos tabus que ainda persistem em nossos dias, um deles é o número 13, um número considerado de mau agouro.

Em alguns lugares dos EUA, certos prédios pulam o número 13, nos andares e nas portas. Nas cartas do tarô, o arcano de número XIII é atribuído à Morte.

A referência mais extravagante do número 13 está no grupo de 12 apóstolos liderado por Jesus, uma organização mística presente em muitos grupos esotéricos e em alguns mitos antigos. Esse tipo de organização por células também foi adotado pela Wicca, provavelmente pelas mesmas razões: facilitar aos membros o segredo da existência do grupo, facilitar as reuniões e fugas, preservar o credo da perseguição dos poderes vigentes.

Atualmente, os coven raramente chegam ao número de 13 membros, mas como se chegou a este número ideal é um mistério: cinco formam o círculo expandido, como símbolo do Pentagrama, sinal dos Deuses; mais oito que formam o círculo contraído, como símbolo da Roda do Ano, sinal dos Mistérios Antigos.

O sentido do tabu é de proibir até mesmo de falar sobre o objeto ou assunto coberto pelo tabu. Muitas vezes essa proibição passa a ser considerada uma fonte de impurezas, como a dieta kosher dos Judeus que considera alguns animais impuros para o consumo, muito embora alguns sequer eram conhecidos pelos Judeus. Animais como o porco, a lebre o ouriço, são conhecidamente animais considerados sagrados por sua associação com a Deusa Celeste pelos povos do Oriente Médio, sentimento que os Hebreus passaram aos seus descendentes, os Judeus. O consumo era proibido porque esses animais eram considerados sagrados, não impuros.

Certamente tal distorção de valores e conceitos aconteceu com o sentido que se deu para o sexo e a sexualidade, como vemos nos dias de hoje: de algo sagrado, parte normal e natural da vida, para algo sujo, vulgar e pecaminoso. De tabu e proibições, passamos aos famosos Mandamentos da Lei de Deus, conhecido como os Dez Mandamentos, tidos como escritos por Deus para Moisés quando este estava no cume da montanha. Moisés, assim como Abraão, é considerado o patriarca dos Judeus, ainda que historicamente seja discutível se sequer tenha existido, pode ter realmente escrito as Tábuas da Lei, mediante uma inspiração divina, para o povo Judeu.

Entretanto, considerando que as Escrituras Sagradas dos Judeus foram escritas após sua libertação da Babilônia, emancipação pelos Persas, retorno a Jerusalém, construção do Segundo Templo, por sacerdotes que foram influenciados pelo Zoroastrismo e a escritura sagrada deste, o Rig Veda, certamente os Dez Mandamentos receberam suas bases desta Lei sagrada.

Um dos registros históricos de leis antigas é o Código de Hamurabi, feito pelo rei Hamurabi, do reino da Suméria, no qual se percebe esse vínculo entre lei enquanto normas sociais e regras de origem divina. As primeiras leis humanas têm origem nessa preocupação religiosa de obedecer a uma entidade, bem como de apaziguá-la em caso de eventual falha humana.

Então esta é certamente a origem dos tabus e superstições. Em outras vertentes místicas e esotéricas, estas Leis espirituais acabam registrando algumas coisas em comum, uma vez que a origem vem dos Mistérios Antigos.

Por exemplo, a Tábua de Esmeralda, para os hermetistas; o Livro da Lei, para os thelemitas e as Ardanes aos wiccanos. Assim como na ciência essas leis são presentes e atuantes nesse mundo, como parte intrínseca da própria natureza, a continuidade e voluntariedade das mesmas demonstra a presença de uma Consciência conjunta, que sobrepuja os julgamentos e supera as limitações racionais humanas, para a qual a melhor definição desta é o dos Deuses e Deusas, a Realidade Divina, da qual nosso universo é uma pequena parte.