sábado, 14 de julho de 2007

A Rainha dos Céus

Como eu fiz uma entrada exclusivamente para o Deus de Chifres e uma para o Casal Divino, seria um ultraje não dedicar uma entrada para a Deusa da Lua, a Deusa dos Dez Mil Nomes, a força cósmica do Amor.
Mas para começar eu tenho que falar que, quanto mais estudo e pratico, mais confiante e seguro me torno quanto a minha opção em caminhar nesse Bosque Sagrado, nesse Caminho Antigo. Isto vai me dando forcas para expor-me mais em publico e mesmo estar psicologicamente mais preparado para os ataques que virão.
Por exemplo, eu coloquei em meu local de trabalho, um papel de parede e uma proteção de tela com motivos da Antiga Religião. O pessoal já pergunta: Português (meu apelido) o que está escrito aqui: 'blessed be'? Eu faço as traduções e uma rápida explicação. Um de meus colegas, mais católico ficou assustado com a proteção de tela: que é isso, Português, isso é bruxaria! Eu apenas ri. Não fiquei bravo, não me revoltei, não fiquei digladiando em cima do que está escrito na Bíblia. Isso é um avanço, considerando que eu reagiria de forma mais agressiva, há 5 anos atrás. Eu ria, dizendo comigo mesmo: por que sempre dizem a mesma coisa, por que sempre acham que precisamos ler o evangelho (como se nunca tivéssemos lido - eu ao menos já li 5 vezes!).
Eu ria porque a proteção de tela não tinha nada escandaloso, era apenas a imagem de uma lua, uma mulher, uma paisagem, estrelas e musicas que parecem ser da época medieval. Nada demais, inclusive se levarmos em conta que uma das santas principais do Catolicismo é a Virgem Maria, "Mãe de Deus e Rainha dos Céus", cuja simbologia inclui ela em cima de uma lua crescente - que outra imagem mais pagã que esta pode ser encontrada com tanta facilidade em Igrejas Católicas? A ideia de uma Deusa (ou santa, no caso dos Católicos) mãe, noiva ou irmã de Deus é a crença mais antiga, presente inclusive entre os Hebreus, como a mesma Bíblia que os Cristãos tanto fazem questão em frisar que é a "palavra de Deus", indica em Jeremias, 44,16-19:
"Quanto à palavra que nos anunciaste em nome do SENHOR, não te obedeceremos a ti; antes, certamente, toda a palavra que saiu da nossa boca, isto é, queimaremos incenso à Rainha dos Céus e lhe ofereceremos libações, como nós, nossos pais, nossos reis e nossos príncipes temos feito, nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém; tínhamos fartura de pão, prosperávamos e não víamos mal algum. Mas, desde que cessamos de queimar incenso à Rainha dos Céus e de lhe oferecer libações, tivemos falta de tudo e fomos consumidos pela espada e pela fome.Quando queimávamos incenso à Rainha dos Céus e lhe oferecíamos libações, acaso, lhe fizemos bolos que a retratavam e lhe oferecemos libações, sem nossos maridos?"
Quem, senão a Deusa da Lua, a mesma Deusa honrada em cultos pelos Sumérios, Egípcios, Assírios, Babilônicos, Cananeus, Persas, Gregos, Etruscos, Romanos e Celtas vêm adorando desde épocas remotas? Ela, a Geradora deste Mundo, a Força Mantenedora do Amor, o Ciclo Eterno que é próprio da Existência. Ela, a Consorte Divina, por qual Ventre o Deus de Chifres pode trazer a fertilidade aos campos e a continuidade da vida na Terra de todo ser vivo. Sem Ela, o Deus de Chifres não poderia amar nem ter misericórdia, seria um juiz rigoroso e distante de seus adoradores. Ela, que os muitos povos da Europa bravamente mantinham o culto ainda que perseguidos, presos, torturados, mortos. Ela, que foi vilipendiada de seus templos, foi jogada na sarjeta, ora como mera santa ora como demônio, mas cuja presença e força entre os seus acabou obrigando a Igreja a aceitá-la, desde que domesticada, venerada, sendo apenas uma mera advogada dos Homens diante de seu próprio Marido, Irmão, Filho. Ela é o Espírito Santo, que recebeu uma flexão de gênero em masculino da mesma Igreja que copiou dos nomes originais em grego e hebreu para uma forma latina mais aceitável a esta instituição. Ela é o Mar Informe sobre o qual o Espírito de Deus pairou para poder fazer sua engenhosa obra e clamar a uma platéia não declarada como era boa Sua Criação.
Por enquanto, muitos ainda acreditam firmemente em um Único Deus, um Deus louco, ciumento, que vive em um Paraíso distante, estéril e asséptico. Um Deus que vive de mortes e guerra, um Deus covarde que se esconde atrás de prepostos, um Deus pequeno que se encolhe em palavras escritas em um livro sagrado. Foram mais de 5 mil anos de supressão de outros deuses mais antigos e da própria Deusa, mas Ela, em Sua Infinita Sabedoria sabe esperar até que essa criança temperamental se canse de seus brinquedos para então reassumir a Grandiosidade que lhe é peculiar.
Assim seja.

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