quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Do sexo à divindade - As religiões e seus mistérios

Introdução
O homem é o único ser moral no universo suscetível de progresso. Tudo foi criado para atendê-lo. Sendo assim, em todo o universo a finalidade maior é o progresso, e o homem torna-se o agente mais poderoso de todo esse processo; o rei da criação, o universo em miniatura, microcosmos.
De todos os seres animados que cumprem as etapas da vida, o homem distingue-se dos demais animais pela sua consciência. O animal, por sua vez, obedece a seu instinto (já que é irreflexivo).
A consciência humana é a condição primordial ao progresso e supõe liberdade para ser exercida. Essa tal liberdade atrai para si uma dose de responsabilidade para que o homem não se desvie do caminho do progresso.
As religiões e a educação têm por objetivo lembrar a humanidade de controlar suas inclinações perversas, estimuladas pelo instinto egoísta, e desenvolver a consciência necessária à sua evolução.

Desenvolvimento
A origem das religiões pode ser explicada por duas escolas. A primeira, denominada Mitologia Comparada, afirma que as religiões se originaram da ignorância de muitos e que certos homens se destacaram por sua sabedoria em dominarem os ignorantes. A segunda, denominada Religiões Comparadas, afirma que as religiões tiveram origem nos ensinamentos de homens divinos.
No entanto, as religiões existem para apressar a evolução da humanidade. Foram dadas a todos os povos e deveriam satisfazer as necessidades de cada um, porém receberam várias interpretações de acordo com o grau de evolução de cada grupo.
A religião foi feita para o homem e não o homem para a religião. O homem deverá tornar-se ele próprio religião para que volte a ser uno.
O homem passou a buscar a realização de seus desejos através de líderes religiosos deixando assim de sentir a Chama Sagrada Íntima e passando a adorar os símbolos.

A Religião Fálica
A religião fálica é a base, é o fundamento, é o corpo, é o coração de todas as religiões antigas e modernas.
A religião fálica adorava o mistério da vida, da criação ou reprodução: era a devoção ao Poder Criador Onipotente. Ensina até hoje que, ao orar, o homem invoca Deus; mas, ao unir-se sexualmente à sua mulher, se compreender o que está fazendo, se converte em Deus.
A adoração do sexo, ou culto fálico, existe até hoje na Índia e entre os Nusaireth do Líbano; e conta com adeptos em todo o mundo.
O sexo é a força mais poderosa da natureza. É o princípio, a imortalidade, é a divinização, ou seja, o mais alto dom de Deus outorgado ao homem. Sem ele não haveria geração e conseqüentemente nada para regenerar. Contudo, sua ação mal dirigida pode aniquilar e destruir a alma, e sua imagem se tornar denegrida e suja.
O sexo tem a raiz na Divindade, o Fogo do sexo é o Fogo da santidade. Sem sexo não há amor e sem amor não há religião. O sexo deve ser amor, mas o amor não deve ser sexo, pois há sexualidade carnal e sexualidade espiritual.
Toda união (carnal) é motivo de criação ou expressão. O mal não está no ato, e sim nos pensamentos; por isso a castidade afastada do sexo não tem valor algum, só se torna verdadeira quando se mantém na pureza da santidade do sexo.

Religiões antigas em Moldes Modernos
Aquele que encontra o fogo sagrado pode conhecer a Deus dentro de si mesmo, do próprio corpo, que é o Templo do Deus vivo. A religião deve manter o fogo sagrado ardendo, sendo assim, muitas religiões antigas se deixaram moldar pelas modernas.
As religiões modernas mantiveram a adoração do feminino como indispensável à conservação da vida, da saúde e da felicidade. E algumas datas religiosas foram mantidas, porém com outras conotações.

Rasgando Véus
Esta união se refere à Sagrada União Sexual, realizada entre homem e mulher, a fim de cumprir a vontade divina.
O Poder do Criador foi exaltado e cultuado. Através do falo, o Criador se transporta ao feminino a fim de gerar para regenerar. A adoração do Fogo Divino se dá dentro do templo-corpo.

Conclusão
Toda religião tem seu credo. Cada qual reserva seus mistérios em lendas e até mesmo em verdades nuas.
O homem deve ter seu credo interno e acreditar ser Deus; partir em busca da verdade e desvendar o Grande Mistério. Mistério esse que se baseia em uma trindade de verdades:
1ª “É a divindade do homem, o homem é Deus”.
2ª “Deus se fez homem”.
3ª “O homem se faz Deus por meio da força sexual”.

Texto provavelmente originado do livro Do Sexo à Divindade, de Jorge Adoum.

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