terça-feira, 13 de maio de 2008

A violência como resultado da privação de prazer

Muitas pessoas vão supor que a sociedade ocidental experimentou uma revolução sexual e agora nós estamos liberados.
A pornografia comercial (a péssima substituta para a coisa real) é livremente distribuída, sim; consolos vem em mais cores, sim; o declínio do cristianismo literal afetou a popularidade da palavra 'pecado', sim; mas estas alterações não tem qualquer relação com o que nós consideramos por liberdade sexual e afetiva.
Liberdade não significa promiscuidade ilimitada, como os fundamentalistas gostam de insinuar, mas sim liberdade das maquinações que nos escravizam em nossa fascinação de amor-e-ódio mórbida sobre a sexualidade e a intimidade.
Liberdade significa respeito pelo natural, concepção intuitiva da sexualidade e afeição, o que implica em tolerância a respeito de relacionamentos, intimidade física para pré-adolescentes, atividade sexual para adolescentes, pluralismo sexual e a erradicação da vergonha e da obsessão.
Liberdade significa paz. A civilização ocidental ainda está obcecada pelo sexo e ainda vagueia nas implicações problemáticas da norma anti-afetividade.
Um neuropsicólogo afirma que a maior ameaça para a paz mundial vem das nações que possuem o ambiente mais proibitivo para suas crianças, nações que são mais repressoras contra a afeição sexual e a sexualidade feminina.
Em sua análise antropológica ele encontrou que 65% das culturas que amamentaram seus bebês por 2,5 anos ou mais eram pacíficas.
Em um comentário, ele disse que o bonobo é o primata mais pacífico e não-violento do planeta enquanto o homo-sapiens é o primata mais violento do planeta.
As pessoas estão constantemente em busca de novas formas de prazer, mas muito de nossas atividades 'prazeirosas' parecem ser meras substitutas do prazer natural pelo toque.
Este neuropsicólogo estudou a relação peculiar entre violência e prazer. Ele está convencido que a privação da sensação de prazer físico é a principal causa da violência.
Os resultados indicam claramente que as sociedades que dão a seus bebês uma grande quantidade de afeição física são caracterizadas por poucos roubos, baixa dor infantil física, baixa atividade religiosa e taxas infimas ou ausentes de homicídios, mutilações ou tortura de inimigos.
Os resultados também indicaram que as sociedades que infligem dor e desconforto em seus bebês tendem também a negligenciá-los.
De 49 sociedades estudadas, 13 culturas pareciam ser exceções para a teoria que a falta de prazer somatosensório torna as pessoas fisicamente violentas. Consequentemente, é significativo examinar os comportamentos sexuais das 13 culturas as quais a violência adulta não são previstas pelo prazer físico durante a infância. Quando as 6 sociedades caracterizadas tanto pela alta afeição e alta violência são comparadas nos termos de seus comportamentos sexuais pré-maritais, é surpreendente encontrar que 5 delas manifestam repressão à sexualidade pré-marital, onde a virgindade é altamente estimada nessas culturas.
Aparentemente os efeitos benéficos na afeição física infantil podem ser negados pela repressão ao prazer físico (sexo pré-marital) mais tarde. As 7 sociedades caracterizadas tanto por baixa afeição física infantil e baixa violência física adulta são todas categorizadas pela permissividade ao comportamento sexual pré-marital.
Portanto, os efeitos danosos da privação da afeição física infantil parecem ser compensados mais tarde pelas experiências de prazer sexual corporal durante a adolescência.
Resumindo, a violência pode ser causada pela privação de prazer somatosensório tanto na infância quanto na adolescência.
Não surpreendentemente, quando necessidades pessoais são combinadas com a privação de afeição física, o resultado é egoísmo e narcisismo.
Da mesma forma, dança exibicionista e pornografia podem ser interpretadas como substitutas da expressão sexual normal. Muitas nações que são mais repressivas à sexualidade feminina tem ricas formas de arte pornográfica.
As sociedades que enfatizam a monogamia enfatizam a glória militar e adoram Deuses agressivos.
Existem outras evidências que indicam a preferência por violência sexual acima do prazer sexual. Isto é refletido por nossa aceitação de filmes explícitos que envolvem violência e estupro e nossa rejeição à filmes explícitos que envolvem apenas o prazer sexual.
Aparentemente, sexo com prazer é imoral e inaceitável, mas sexo com violência e dor é moral e aceitável.
Os animais que foram privados do toque na tenra idade desenvolvem uma diminuta percepção da dor e uma aversão por ser tocado por outros. Se aceitarmos a teoria que a falta de prazer somatosensório suficiente é a principal causa da violência, nós podemos trabalhar promovendo o prazer e encorajando relacionamentos interpessoais afetivos para combater a agressão.
Nós deveríamos dar alta prioridade ao prazer corporal no contexto das relações humanas significativas.
O prazer corporal é diferente de promiscuidade, o que reflete uma incapacidade básica em experimentar o prazer.
Se um relacionamento sexual não é prazeiroso, o indivíduo procura por outro/a parceiro/a. A contínua falha em encontrar satisfação sexual leva a uma contínua busca por novos parceiros/as, que é o comportamento promíscuo.
Prazer físico afetivo compartilhado, por outro lado, tende a estabilizar o relacionamento e elimina a busca. Entretanto, uma variedade de experiências sexuais parecem ser normais em culturas que permitem sua expressão e isto pode ser importante para otimizar o prazer e a afeição em relacionamentos sexuais.
Dados disponíveis claramente indicam que rígidos valores de monogamia, castidade e virgindade ajudam a produzir a violência física.
A negação da sexualidade feminina deve ceder para a aceitação e o respeito e homens devem dividir com as mulheres a responsabilidade de dar afeição e carinho aos seus filhos. Isto sugere que algo está basicamente errado com o conceito tradicional da monogamia universal.
Quando visto em conexão com as referências cruzadas da privação física, violência e estado de guerra associados com a monogamia, fica claro a necessidade em criar um sistema mais pluralista de casamento.
Nós deveríamos reconhecer que a sexualidade em adolescentes não é apenas natural, mas desejável e aceitar a sexualidade pré-marital como uma moral positiva. Os pais deveriam ajudar os adolescentes a realizarem sua própria maturidade sexual, permitindo a eles para usarem o lar para sua satisfação sexual.
Tal honestidade poderia encorajar uma atitude mais madura nos relacionamentos sexuais e providencia um ambiente seguro privado, o que é muito melhor para o desenvolvimento deles do que o banco de trás de um carro ou outras locações indesejáveis fora do lar.
Experiências sexuais precoces são frequentemente uma tentativa de provar a maturidade do indivíduo, sua masculinidade ou feminilidade, ao invés de um alegre compartilhamento de afeição e prazer.
O relacionamento recíproco entre prazer e violência é tal que um inibe o outro. Quando o prazer físico é alto, violência física é baixa, quando a violência física é alta, o prazer físico é baixo.
Essa premissa básica da teoria da privação do prazer somatosensório nos provêm as ferramentas necessárias para construir um mundo de pessoas pacificas, afetivas e cooperativas.
Nota: o autor esqueceu que essa privação e repressão ao prazer é fundamental para a existência da Igreja Cristã. Em muitos países, o cristianismo literário ainda está na ativa em sua 'santa cruzada' contra tudo o que consideram uma afronta aos 'valores cristãos'. Enquanto a civilização ocidental estiver debaixo do domínio do Cristianismo, nós ainda viveremos em um mundo violento. Original perdido.

Nenhum comentário: