sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Aspectos da cerimônia wiccana

Considerando que existem textos e livros falando sobre a Wicca, eu acho que não cometo nenhuma quebra de voto ao analisar o simbolismo da cerimônia wiccana, desde que me mantenha nos textos e livros disponíveis.
As bruxas eventualmente faziam convenções, assembléias e reuniões, mas certamente não podemos ter certeza de como eram, sobretudo se considerarmos que os documentos que existem sobre as sarabandes são os processos que ocorreram durante a Caça às Bruxas. Entretanto podemos dizer que algumas práticas foram preservadas na religião Wicca, a começar pela marcação do círculo. A única diferença é que magos costumavam ficar fora do círculo para evocar as entidades, enquanto as bruxas costumavam a fazer suas celebrações dentro do círculo, em uma comunhão com a energia (magia) que forma nosso mundo.
Antigamente, tanto um sacerdote quanto uma sacerdotisa evocavam espíritos e entidades e invocavam Deuses para as celebrações sagradas, de acordo com a prática de cada credo. Na Europa, as bruxas evocavam gênios locais e invocavam um ou mais Deuses, conforme a região.
Na cerimônia wiccana, os celebrantes ficam no centro de onde ficará o círculo, tanto para adorar o Casal Divino quanto para os trabalhos a serem realizados no sabat ou esbat. Para traçar o círculo - que é um símbolo da Deusa, se usa uma espada (ou athame, ou cajado, ou vara) - que é um símbolo do Deus. Quem está lançando o círculo não parece ser determinante, mas sim invocar desde a abertura da celebração a ambos, o Deus e a Deusa. O círculo serve para estabelecer o templo, o espaço consagrado, sendo desnecessário aumentar seu significado místico.
Em seguida, evocam-se os Guardiões dos Quadrantes que são os responsáveis pela abertura do véu entre os mundos e preparam aos celebrantes para a chegada do Casal Divino. Cada quadrante é consagrado com objetos que tenham correspondência com o elemento que cada quadrante representa e a posição de cada um, de acordo com as direções Norte-Oeste-Sul-Leste, irá variar conforme as características do local onde se realiza a cerimônia.
O próximo passo é invocar o Deus e a Deusa. Primeiro o sacerdote pede à Deusa que esteja presente na celebração por intermédio da sacerdotisa, para depois a sacerdotisa pedir ao Deus que esteja presente na cerimônia por intermédio do sacerdote. Chamam a isso de "Ritual da Descida da Lua" e "Ritual da Descida do Sol". Em algumas tradições neopagãs, o sacerdote 'recebe' a Deusa e a sacerdotisa 'recebe' o Deus. Em suma, no Neopaganismo e na Wicca não há o preconceito tão comum contra a homossexualidade, não é preciso inventar mitos nem distorcer os princípios das muitas religiões neopagãs. Ao contrário do Deus do Monoteísmo, nossa sexualidade é um assunto e uma opção nossa que não impede nem influi em nossa relação espiritual com Eles.
Dependendo das circunstâncias, se houver algum neófito pronto para ser iniciado, se for ele, sua entrada e condução ao altar será pelas mãos de uma sacerdotisa; se for ela, será um sacerdote. Eu não me delongarei sobre a iniciação, uma vez que fiz um voto de não mais me pronunciar a respeito, basta que os visitantes lembrem que a iniciação não é necessário nem fundamental para sua caminhada espiritual.
Na sequência, pedidos são feitos, problemas são resolvidos, trabalhos são executados. Existem diversas técnicas e práticas empregadas, isso varia conforme o grupo e a tradição.
O que vem depois é mais melindroso, pois é o momento do Grande Rito que, dependendo da tradição e da intenção, pode ser simbólico; mas quando é feito carnalmente, é feito por um sacerdote e por uma sacerdotisa que praticamente vivem como um casal.
Depois se compartilha uma taça de vinho e se distribui bolos entre os celebrantes, é o momento da confrarreatio. Os celebrantes conversam, cantam, dançam, fazem música e casais fazem amor.
O encerramento da cerimônia é feito pelo sacerdote e pela sacerdotisa, agradecendo e se despedindo do Casal Divino, dos Guardiões dos Quadrantes e de todos os espíritos e entidades que compareceram à cerimônia. Ou seja, o equilíbrio entre gêneros e a polaridade sagrada estão presentes ao longo de toda a cerimônia. Se houvesse a preferência ou foco apenas no Deus ou na Deusa, estaríamos sendo Monoteístas.
Existem diversos tipos de Neopaganismo, existem diversos tipos de Bruxaria Moderna, existem diversas tradições de Wicca. Caso o visitante esteja interessado, se informe, escolha seu caminho, seja honesto e sincero em sua peregrinação, não confunda nem distorça os princípios da religião que você escolheu por comodismo ou vaidade nem dê atenção a pseudo-sacerdotes cheios de arrogância e prepotência. Seja consciente e responsável pela forma como você está se relacionando com a Realidade Divina.

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