quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Dia de Salácia

Dia I de Dezembro é consagrado a SALÁCIA, Deusa ligada à água salgada e ao culto de NEPTUNO, sendo por vezes considerada como Sua esposa. SALÁCIA - Cuja etimologia indica um significado associado ao acto de saltar, pular, aludindo ao movimento das águas do mar, bem como dos rios - estaria particularmente associada às águas salgadas.
Há uma lenda popular interessante narrada pelo Dr. Rocha Martins em 1935 (texto a itálico):
“Na verdade, ao que parece, Alcácer do Sal foi fundada pelos lusitanos no ano Vlll de César, isto é trinta anos antes de Cristo, atribuindo-a a uma lenda que reza o seguinte: Bugud, califa africano, invadiu a Lusitânia, pondo as povoações a ferro e fogo. Havia na região de Alcácer, um tempo dedicado à deusa Salácia (um dos nomes da deusa Diana), que foi profanado pelos africanos. Quando estes se faziam ao mar, porém, um grande temporal destruiu as embarcações, perecendo no naufrágio a maioria dos invasores, e perdendo-se as riquezas roubadas. Os lusitanos viram no acontecimento um milagre da Deusa, e fundaram uma vila a que deram o nome de Salácia. Há também uma corrente de opinião para quem o nome de Salácia se referia, não à Deusa, mas à abundância de sal existente na região."
Antes de ler este texto, aqui a itálico, não tinha conhecimento de que SALÁCIA pudesse de algum modo estar relacionada com DIANA, Deusa Lunar do Bosque, que, tanto quanto sei, nunca teve nada a ver com o mar. No entanto, a menção do Seu nome nesta lenda pode indicar que havia na Lusitânia um extenso culto desta Divindade, ou, talvez, de uma Divindade lusitana que Lhe fosse de algum modo equivalente. A este respeito, é intrigante que o templo romano de Évora, comprovadamente de culto imperial, seja considerado como templo de DIANA; do mesmo modo, vale a pena referir que, na Crónica Geral de Espanha de 1344, considera-se que a Lusitânia recebeu o seu nome porque o mítico Hércules aí celebrou jogos em honra de DIANA (Ludi + DIANA).
O que por outro lado parece testemunhado neste mito é a intolerância totalitária muçulmana para com o Paganismo que talvez existisse ainda nas regiões hispânicas mais interiores no dealbar do século VIII, ou não fosse o Islão o irmão mais novo, e ainda mais radicalmente totalitário, do Cristianismo. Não é de todo impossível que tenha havido muito património pagão ibérico a ser destruído pelos sequazes de Mafoma, pois que o Paganismo (shirk, adoração de Outros que não Alá) constitui, na religião muçulmana, um crime dos maiores senão o maior.
Texto do Caturo, no Gladius.

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