domingo, 25 de dezembro de 2011

Gruss vom Krampus!


imagem: missmonster

Se você ainda não ouviu falar no Krampus, não se preocupe, poucas pessoas o conhecem. Mas quem o conhece, não esquece. O Krampus [grafia alemã] é um ser mítico, fantástico — definitivamente um ser do Mal – muito conhecido das populações das aldeias e cidadezinhas dos Alpes. Ele também habita a imaginação européia através do folclore na Áustria, Alemanha, Alsácia, Suíça, Eslovênia, e demais áreas das montanhas alpinas. Faz parte da cultura local desde tempos imemoriais. Apesar de muito antigo e limitado geograficamente aos Alpes, sua influência afeta alguns costumes natalinos de outras terras, até hoje.
De acordo com as lendas, Krampus começa as festividades do Natal na noite do dia 5 de dezembro. Ele é um companheiro de São Nicolau, ou como dizemos por aqui, de Papai Noel. Ele é o contraponto ao Papai Noel, e ao invés de dar presentes às criancinhas das aldeias, Krampus invade as casas das pessoas e retira delas as crianças que foram más, que mentiram, que fizeram pirraça… E ele as leva. Nada de presentes para crianças más…
Krampus não é nada mais nada menos do que a inserção nas festividades natalinas de um demônio bastante conhecido nessas regiões e já temido por todos, que foi incorporado pelo cristianismo. Ele aparece lado a lado com o mais bondoso dos santos, aquele que distribui presentes às crianças. Assim, ajuda a equilibrar as forças do bem e do mal, servindo como um freio social, como um lembrete de que as crianças precisam ser boazinhas e comportadas para ganharem presentes de Natal: presentes não vêm automaticamente . Foi uma maneira inteligente de manter em cheque as crenças pagãs que teimavam em ressucitar. Já no século IV da nossa era, o Papa Gregório, havia aconselhado Santo Agostinho a permitir que esse personagem pagão fosse incorporado às festividades desde que fosse rebatizado. Krampus é o novo nome dessa entidade: Percht ou Perchta. Bartl, Ruprecht, Knecht Ruprecht, são alguns dos muitos outros nomes de Krampus.
Perchta era uma deusa pagã da região alpina, que aparece em duas formas: ou sedutora belíssima, branca como a neve, ou como um demônio em trapos. A ela cabia a vigilância dos animais no início do inverno e a visita às casas para se certificar de que a fiação da lã estava sendo feita corretamente. Seu dia festivo era o dia 6 de janeiro e sua festa foi incorporad às festas da Epifania no calendário cristão.
Até hoje, tradicionalmente, jovens rapazes das regiões Alpinas se vestem como Krampus – principalmente na cidade que é centro de comércio na Bavária, chamada Berchtesgaden, e desfilam acompanhando São Nicolau, durante as primeiras duas semanas de dezembro.
Até 1969, quando a Igreja Católica Apostólica Romana retirou do seu calendário oficial a Festa de São Nicolau, celebrada no dia 6 de dezembro, grande ênfase dessa procissão e das travessuras feitas pelos rapazes vestidos de Krampus, era dada à noite do dia 5 de dezembro, véspera do dia da festa em que trocava-se presentes na região.
Os rapazes reproduziam o que todos sabiam que Krampus fazia: andavam sem objetivo nas ruas, alarmando as crianças, colocando medo naquelas que haviam se comportado mal e arrastavam pesadas correntes de ferro aumentando a algazarra. A imagem de Krampus é aquele ser com uma longa língua vermelha, coberto de pelos, carrega correntes e tem na mão um freixo de galhos de madeira com o qual ameaça as crianças que se comportam mal ou que não sabem suas lições.
Na Áustria, Krampus pode mais comumente ter chifres e cascos de cabra no lugar dos pés. Sua aparência é a de um diabo, como é representado mais comumente. Foi só no final do século XIX, por volta de 1890 que sua imagem começou a aparecer nos cartões de Natal acompanhando São Nicolau. Aparecia frequentemente com os dizeres “Gruss vom Krampus” [Saudações de Krampus] ou com a frase “Brav Sein!” [Comporte-se!].
No final do século XIX a popularidade de Krampus era grande e passou a fazer suas aparições também ao norte da Alemanha.
Krampus estava sempre pronto a punir as crianças que não se comportavam.  E evidentemente colocava-as em fila e as levava para algum lugar.
As visitas que Krampus fazia às casas das pessoas para verificar quem era bom e quem não era, não só fizeram algum sucesso nas artes gráficas como também, devidamente digeridas, sanitarizadas e embelezadas vieram a fazer parte do panorama cultural dos Estados Unidos, terra que acolheu imigrantes de todo o mundo cada qual com suas tradições e hábitos culturais.  O resultado são referências a tradições de outros lugares do mundo, no dia a dia americano.
Krampus é hoje em dia um dos personagens que gera festas, eventos, e todo tipo de manifestação cultural na Áustria, na Bavária, na região alpina.

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