segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O pé de feijão

Mais uma vez, Joãozinho, desafiando todas as probabilidades e o instinto de auto-preservação, você se dispõe e se expõe.
Acha mesmo, Joãozinho, que tem permissão ou razão de reclamar, de ousadamente exigir retorno? O que tem feito, realmente, que valha a pena? Vede tudo o que recebeu até hoje! Mesmo os obstáculos, as dificuldades, as dores, as mágoas, não foram igualmente responsáveis por ter chego onde chegou até hoje?
O que tem feito, realmente, para merecer tua Mãe? O que tem feito realmente, para reverenciar tua Sacerdotisa? O que tem feito, realmente, para adorar tua Deusa?
Voltemos ao básico, Joãozinho.
Alegre-se que teve a capacidade de perceber onde estava, o que estava fazendo e o que estava realizando.
Ainda está começando a resolver suas pendências passadas, ainda está resolvendo seus traumas, ainda está cicatrizando suas feridas, ainda está superando as cicatrizes. Mas não é porque o mundo te tratou mal que você deve tratar o mundo mal.
Para que a lama se torne solo fértil, você tem que ser um canal das bençãos.
Você chegou até o local onde se ergue o pé de feijão.
O que deseja? Voltar para o rebanho, viver uma vida medíocre e sem sentido, ou descobrir a razão de sua existência, descobrir sua missão e seu destino?
O que deseja? Continuar a remoer o passado, continuar a repetir padrões negativos em busca de reconhecimento, continuar a mendigar atenção em busca de aceitação ou reencontrar o verdadeiro valor que há em si mesmo?
O que deseja? Lamentar que vendeu sua vaca por um punhado de feijões ou subir pelo pé de feijão, até chegar ao Castelo dos Ventos, até encontrar o Pote de Ouro?
A vitória e os louros chegam apenas aos heróis.
Heróis são aqueles que rejeitam as ilusões do ego e isto leva à loucura e ao saber.
Saber te levará mais à margem da sociedade, te afastará ainda mais daquilo que é desnecessário, fútil e supérfulo. O preço do saber é o sofrimento, Joãozinho.
Não há aprendizado e amadurecimento sem sacrifício e sofrimento, Joãzinho.
Esse é o sabor agridoce do Ofício.
Mas ânimo, pois quanto maior for teu sacrifício, sofrimento e perda, tanto maior será teu regozijo.
Ide, continue, Joãozinho, que teus ancestrais e Deuses te aguardam em Tir Na Nog, com um lugar reservado para ti no Grande Banquete, com muita comida, bebida, música e amor.

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