quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Il mestiere del cuore

"Quando você ama realmente alguém, ser fiel não é um sacrificio, é um prazer"
Uma frase meiga e romântica, mas no amor não há regras.
Amor não tem limite, forma, idade. Supõe-se que "ser fiel" é condição inerente, mas o conceito de que no amor deve haver fidelidade é uma imposição social.
Entende-se amar como algo restrito, exclusividade, como se apenas fosse "real" se for um monopolio, privilégio.
Vamos ver como fica a definição em outros termos.
"Um homem ama realmente quando se relaciona com uma  mulher"
Um homem ama realmente, seja uma mulher, seja um homem, ou ambos. Uma mulher amaria realmente da mesma forma, um home, uma mulher ou ambos.
Tem-se filhos, não faz sentido dizer que um pai, uma mãe ama realmente apenas o filho ou a filha, nem faz sentido dizer que o filho/ a filha ama realmente apenas o pai ou a mãe.
Dizer que se ama realmente quando se é fiel é o mesmo que ir em um buffet cheio de diversas comidas e servir-se apenas de arroz-e-feijão. Ou usar apenas bicicleta quando se tem tantas opções de transporte.
Nós observamos admirados a beleza de um jardim e não nos damos conta que a beleza deste jardim é diretamente proporcional ao número de abelhas que polinizam as flores. Diversas abelhas. Polinizando diversas flores.
Nós acreditamos nessa mentira que amar=fidelidade, que amar=monogamia/monotonia. Todos são livres e tem o direito de amar quem quiser, quantos quiser. Que sejam maduros e haja consentimento.
Dizer que apenas se ama realmente quando se é fiel, é diminuir o coração, é empobrecer o amor, é tornar o relacionamento um cárcere.

Um comentário:

A Marreta do Azarão disse...

Era justamente isso que Raul Seixas e Paulo Coelho diziam na letra da canção "A Maçã". Eu concordo e acho tudo muito bonito, elevado e, principalmente, saudável. Mas, na prática, será que funciona?

A MAÇÃ (Raul Seixas/Paulo Coelho)
Se esse amor
Ficar entre nós dois
Vai ser tão pobre amor
Vai se gastar...

Se eu te amo e tu me amas
Um amor a dois profana
O amor de todos os mortais
Porque quem gosta de maçã
Irá gostar de todas
Porque todas são iguais...

Se eu te amo e tu me amas
E outro vem quando tu chamas
Como poderei te condenar
Infinita tua beleza
Como podes ficar presa
Que nem santa num altar...

Quando eu te escolhi
Para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma
Ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi
Que além de dois existem mais...

Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar
O que é que eu quero
Se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar...

Quando eu te escolhi
Para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma
Ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi
Que além de dois existem mais...

Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar
O que é que eu quero
Se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar...