quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O Aquelarre

Aquelarre é um termo procedente do basco Akelarre ("aker" = bode; "larre" = campo). [Wikipedia]
No Paganismo Moderno, o termo mais usado é sabat, curiosamente um termo utilizado pelo Santo Ofício para se referir às reuniões das bruxas, um inequívoco reflexo do anti-semitismo da época. Havemos de recordar, entretanto, que mesmo o termo sabat, usado no Judaísmo, teve origem nas celebrações para Ishtar ou mesmo pode ter origem dos ritos a Sabazius.
Dizemos em nossos rituais: “Onde quer que tenha necessidade de algo, uma vez ao mês e melhor que seja na lua cheia, reunam-se em um lugar secreto e adore o meu espírito, a Rainha de todas as Bruxas e magias”.
Nos processos do Santo Oficio conduzidos pela Igreja ou pelos Estados católicos, há uma constante citação da existência de assembléias, reuniões onde as bruxas se encontravam, celebravam antigos rituais, todos sendo conduzidos pela figura do Bode Negro.
Dos processos do Santo Oficio temos os testemunhos dos motivos de tal reunião. Tais reuniões aconteciam por convocação, geralmente pelo Mestre do Sabat, nem sempre acontecendo em uma data específica, ao contrário do que se divulga no Paganismo Moderno. Assuntos que mereciam a atenção do Mestre do Sabat estavam, sem dúvida, ligadas a situações extremas, como colheitas, doenças, ameaças. Nessas reuniões havia tempo e ocasião para cuidar de pedidos da comunidade, como pedidos de fertilidade, pedidos de emprego, pedidos de solução de dívidas. Pedidos pouco convencionais e prejudiciais aconteciam também, sabe-se que padres e nobres souberam procurar as bruxas para subir na vida, por meios que uma pessoa comum pode achar imoral, mas um médico saberá dar o tratamento adequado para uma doença, ainda que isto doa.
Atualmente, o Paganismo Moderno, em suas várias vertentes, tem datas específicas, “dias sagrados”, cuja origem remonta a uma reconstrução cultural, usando nomes que tem uma suposta origem céltica, mas curiosamente os Celtas celebravam apenas três datas, como os demais povos indo-europeus, não oito.
O que os pagãos e bruxos modernos celebram nos oito sabats tem origem na popularização da Wicca.
Dizemos em nossos rituais: “Haverá assembléias, aos que anseiam aprender toda bruxaria, mas ainda não desvendaram seus profundos segredos. A estes eu ensinarei coisas ainda desconhecidas”.
Devemos então saber qual a forma tradicional de celebrarmos tais datas religiosas.
Isto indica que o Mistério, o Ofício, a Wica não é um sistema fechado, dogmático ou definitivo, haveremos de ter sempre algo mais a aprender, a aperfeiçoar, mas sem alterar o cerne, a base e o princípio da tradição. O que não significa que pode-se fazer tudo.
Dizemos em nossos rituais: “Que os rituais sejam corretamente celebrados com alegria e beleza”. Portanto, não cabe misturar panteões estranhos, não cabe introduzir Deuses que pertencem a outra cultura, tradição ou culto próprios.
Cultos com ênfase apenas na Deusa, que omitem, negam ou excluem o Deus, ou o distorcem e deturpam sua identidade e personalidade são armadilhas que visam apenas disfarçar um culto à personalidade.
Infelizmente o Paganismo Moderno está cheio de personagens e celebridades, que mais visam propagandear suas próprias agendas, seus próprios objetivos pessoais do que servir aos Deuses e divulgar os valores e princípios da Wica. Infelizmente estes personagens censuram, deturpam e omitem que a Wica, como toda religião, tem uma definição, valores e princípios bem específicos. O que não impede nem desvaloriza outros caminhos e vertentes, desde que haja sinceridade e honestidade, não usando a Wica como rótulo universal para práticas e caminhos pessoais.

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