sexta-feira, 26 de junho de 2015

Fidelidade divina

Um clichê bastante comum entre os evangélicos é afirmar que Deus é Fiel. Lendo a Bíblia, essa afirmação cai no vácuo. Em diversos trechos este Deus declara que é Deus do povo de Israel e de nenhum outro. Em diversos trechos este Deus declara que jamais iria abandonar o povo de Israel, mas nos livros dos profetas este Deus diz que iria voltar suas costas ao povo de Israel e chamar a outro povo para ser Dele.
Mas e os Deuses Antigos? Eles e Elas são fiéis? Os Deuses Antigos mantinham suas alianças com o povo que os adorava? Os Deuses Antigos deserdava seu povo ou adotava outro povo como sendo Deles? Os Deuses Antigos eram ciumentos e exigiam culto exclusivo?
Lendo a história antiga, podemos ver que os Deuses Antigos não eram problemáticos ou complexados como o Deus Bíblico. Os povos e culturas que os adoravam tinham toda a liberdade de conhecer e adorar a outros Deuses, de outros povos e culturas. Em verdade, muitos dos Deuses Antigos acabavam sendo conhecidos e adorados por outros povos. Cultos como o de Ishtar, de Isis, de Mithra, de Dioniso, se espalharam pelo mundo conhecido e chegaram a se tornar religiões de massa. Os Deuses Antigos estavam bem presentes, no mundo, na sociedade, na cultura e na humanidade. Quem voltou as costas aos Deuses Antigos foi o ser humano quando, por orgulho e vaidade, achou não apenas que podia viver sem os Deuses, mas também chegou a questionar a existência Deles.
Enquanto o Deus Bíblico demonstrava sua insegurança com suas ameaças, vinganças e violência, os Deuses Antigos deixaram o ser humano seguir com a saga que escolheram. O sábio diz que quando os Deuses Antigos quando querem nos castigar, atende a nossos desejos.
A humanidade cresceu e se desenvolveu muito ao longo dos anos. A Terra deixou de ser o centro do sistema solar. O Sol deixou de ser o centro da galáxia. Mas o Homem se manteve no centro da existência. Quando o Homem se faz a medida de todas as coisas, a alma humana sofre com violência, ódio, intolerância, preconceito. Avançamos muito na ciência e tecnologia, mas recuamos na sociedade e na humanidade. Os Deuses Antigos devem ter se divertido bastante e dado boas risadas com o Teatro do Absurdo que temos encenado.
Quando a humanidade esgotou o egoísmo, o individualismo, o orgulho, a vaidade, o complexo com a figura paternal, os recursos naturais que mantêm nossa existência, não foi na ciência nem na filosofia que encontramos a solução para o vazio que estávamos sentindo. A humanidade acreditou no niilismo e não há solução dentro do nada. Apenas se pode encontrar uma solução naquilo que é existente, perpétuo, imortal e divino.
Como crianças rebeldes que correm de volta para as mães na necessidade, a humanidade se volta para os Deuses Antigos. A despeito dos séculos e de não termos mais os mesmos vínculos de sangue, os Deuses Antigos ainda nos reconhece como seus filhos. Ainda que o sacerdócio tenha sido abolido, aos poucos os Deuses Antigos vão refazendo os vínculos com a humanidade, nos recordando de nossa essência e origem ligadas com a Natureza.
Os Deuses Antigos não nos condenaram, não nos julgaram, não nos renegaram. Seus sacerdotes não ordenaram massacres, guerras, genocídios. Seus templos não promovem o ódio, o preconceito, a intolerância. Esta é a verdadeira fidelidade divina.

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